As regiões metropolitanas brasileiras terão problemas relacionados ao clima nos próximos 20 anos, caso o atual modelo de desenvolvimento seja mantido.
Segundo a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Andrea Young, a cidade de São Paulo já apresenta diversas complicações devido ao modo de ocupação do solo e a poluição, o que vem sendo seguido por outras grandes cidades.
“Pode ser que nem cresçam até o tamanho de São Paulo. Mas a forma de ocupar o espaço é a mesma, é sempre essa ideia de ocupar a área o máximo possível, sem considerar nenhum critério ecológico, com uma visão predatória”, avaliou.
Young é uma das autoras do relatório Vulnerabilidades das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana de São Paulo, elaborado por pesquisadores da Unicamp e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com o estudo, a capital paulista enfrenta atualmente uma série de problemas relacionados diretamente à poluição e às mudanças no clima da metrópole causadas pelo crescimento desordenado.
A apropriação dos cursos de água pelo sistema viário é um dos principais exemplos de como a expansão da cidade está expondo a população a desastres relacionados ao clima. Segundo a pesquisadora, a bacia hidrográfica foi sufocada pelo sistema viário e pelas construções urbanas.
“Então, com o acúmulo de sedimentos, dos gases poluentes fluindo ao longo do rio, por conta do sistema viário, das marginais, ela acabou se transformando em uma bacia de poluição, tanto dentro do rio, quanto no ambiente”.
Para a pesquisadora, esse tipo de transformação destrói mananciais que poderiam ser utilizados para o abastecimento da população, aumenta o risco de enchentes e modifica o clima da região.
As mudanças climáticas locais corroboram, segundo Young, juntamente com as alterações no clima global, para a ocorrência de grandes tempestades, causadoras de inundações e deslizamentos.
Por isso, a especialista alerta para a necessidade de se repensar os modelos de desenvolvimento, pois, determinadas alterações no meio ambiente são difíceis de serem revertidas posteriormente.”Principalmente em relação à água”, destaca.
Entre os possíveis caminhos para um crescimento mais sustentável de São Paulo e de outras metrópoles, Young cita a proteção dos mananciais e das margens de rios, com a criação de parques, a remoção das ocupações de áreas de fragilidade ambiental e de risco e a elaboração de um plano estratégico de macrodrenagem para região.
“Não que o plano não exista, mas tem que haver uma revisão com os órgãos públicos envolvidos”.
Autor: Agência Brasil