RIO – A falta de engenheiros e mão de obra técnica qualificada tem preocupado o empresariado do país. Diretamente envolvidos, executivos e acadêmicos reuniram-se em São Paulo esta semana, no seminário 'Qualificação de mão de obra como fator vital da competitividade', promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em busca de soluções para amenizar o problema. Propostas discutidas no encontro, ressalta Gabriel Rico, diretor-executivo da Amcham, serão apresentadas aos candidatos à Presidência da República, para que sejam incorporadas a seus programas de governo.
Os participantes apresentaram sugestões para todos os setores envolvidos com a formação de mão de obra no país: empresas, governo e ensinos médio e superior. De acordo com Pedro Manuchakian, vice-presidente de Engenharia de Produtos da General Motors para a América do Sul, a união entre as empresas é um caminho a ser seguido: será necessário adotar planos de treinamentos agressivos, conforme a necessidade de cada organização. O esforço deve ser coletivo, diz ele, pois, se apenas algumas companhias o fizerem, haverá uma guerra por técnicos e engenheiros, o que vai inflacionar os salários.
Para os participantes do debate, boa parte da solução para mudar o déficit de mão de obra técnica está em atingir os estudantes ainda no ensino médio. Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP), que mediou o debate, afirma que, hoje, verifica-se um interesse da juventude por carreiras tecnológicas relativamente baixo. Segundo ele, para contar com os jovens nos próximos anos, será preciso reinventar essas áreas. Já Walter Vicioni, diretor regional do Senai-SP, frisou que para desmistificar a ideia de que as áreas técnicas são muito complicadas, é importante que o jovem aprenda fazendo.
Quanto aos engenheiros, Tiniti Matsumoto, gerente geral de Construção da Alcoa, destacou que as organizações não precisam apenas de profissionais que façam cálculos estruturais: hoje em dia, é essencial que eles tenham uma visão de sustentabilidade e sejam capazes de gerenciar recursos escassos.
Autor: O Globo