Crescimento do Brasil vai aumentar ainda mais lacuna

Se por um lado as projeções de crescimento da economia brasileira são motivos para comemorar, por outro, é razão de preocupação. No setor rodoviário, por exemplo, com o aumento na demanda por transporte – que deve ser de 30% neste ano – há o temor de que haja um novo gargalo. 

Desta vez, não são os investimentos em infraestrutura ou na renovação de frota que alarmam o segmento, mas sim a falta de profissionais para conduzir os caminhões que movimentam quase 60% de todas as riquezas geradas pelo País. 

Mesmo com um contingente aparentemente grande, são aproximadamente dois milhões de profissionais nesta atividade – entre autônomos e colaboradores contratados – ainda há espaço para mais força de trabalho especializada. 

“Nas grandes empresas do setor, de 7% a 10% da frota está parada por falta de profissionais”, garante Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística).
Para ele, além do despreparo, outra questão preocupante é a falta de interesse de jovens pela atividade. 

“No passado, ser caminhoneiro era uma coisa romanceada, passada de pai para filho. Tanto é que muitas empresas de grande porte surgiram assim”, lembra. 

“Estamos buscando medidas para reverter este quadro. Mas quem quer fazer parte de uma categoria que é acusada de ser a responsável por todos os males do País?”, questiona o executivo em referência às ações para restringir a circulação de caminhões e o volume de acidentes nas estradas. 

Assim, quem sofre com o problema são as transportadoras. Na Ramos Transportes, por exemplo, um processo seletivo precisa de pelo menos três meses para ser encerrado. “Há três anos o preenchimento de uma oportunidade para motorista durava apenas uma semana”, destaca Eleonor Machado, gerente de Gestão de Pessoas da companhia. 

Atualmente, segundo informações da empresa, apenas em São Paulo, existem 20 vagas em aberto. De acordo com Eleonor, para conquistar a oportunidade é preciso preencher vários requisitos, como por exemplo, possuir conhecimento de condução econômica, direção defensiva, noções de informática e de GPS e MOPP (Movimentação Operacional de Produtos Perigosos). 

Como a falta de preparo tem sido uma questão latente para encontrar um bom profissional, a Ramos optou por criar um programa para preparar estes condutores. Chamada de “Ramos na Estrada” a iniciativa tem como principal objetivo capacitar, estimular e desenvolver as habilidades dos motoristas voltadas para saúde, segurança, família e qualidade de vida. 

Segundo o presidente da NTC&Logística, esta tem sido uma realidade comum nas principais empresas do setor. “Ou as transportadoras realizam cursos in company ou contam com o auxilio do Sest/Senat (Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) para preparar melhor os condutores”, finaliza.

Autor: Webtranspo