O Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP disponibilizou parte de sua produção científica em vídeos 3D no canal aberto da internet Youtube.
De acordo com o professor Marcelo Knörich Zuffo, que coordena o LSI, a ideia de disponibilizar parte da produção surgiu no momento em que o LSI desenvolveu a pesquisas na área de a TV Digital 3D.
“Desde o desenvolvimento da Caverna Digital já pensávamos na chegada da TV em 3D ao Brasil”, conta ele.
TV 3D no Brasil
O Canal do LSI no Youtube está disponível na rede desde dezembro de 2009 e, segundo Zuffo, é resultado de um projeto-piloto desenvolvido no passado em parceria com algumas entidades como a TV USP e a TV Cultura.
Os vídeos podem ser visualizados nas versões 2D (completo) e 3D (apenas a segunda parte).
“O laboratório procurou diversas emissoras para uma parceria num projeto-piloto. Afinal, até o fim deste semestre a TV em 3D chegará ao mercado brasileiro e o LSI já está montando grupos de trabalho visando contribuir para as tecnologias de padronização para os canais 3D”, conta o professor, lembrando que o esforço para padronização nos sinais de transmissão em 3D envolverá setores privados, do governo e da sociedade.
Modelagem 3D e estereoscopia
“O termo 3D pode ser ambíguo; é importante distinguir modelagem e animação 3D de estereoscopia. A modelagem 3D pode, e costuma ser, renderizada (sintetizada) e exibida em 2D e a imagem estereoscópica pode ser sintetizada por computador ou captada com câmeras”, descreve Zuffo.
“O LSI produz 3D nos dois sentidos há muitos anos, mas até 2008 a produção estereoscópica do laboratório se limitava a imagens geradas por computador, e a sua exibição se limitava à Caverna Digital,” diz ele.
Outra tecnologia 3D, mas ainda em fase de pesquisa, é a holografia – veja Hologramas: imagens 3D realísticas estão chegando aos computadores.
As experiências de produção de imagens 3D com câmeras e de veiculação em 3D na internet resultam de uma parceria entre a TV USP e o LSI, que começou em 2008. Na oportunidade, a TV USP acompanhou e divulgou a participação de projetos da FEBRACE, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, promovida pela Poli, na Intel ISEF 2008, realizada em Atlanta, nos EUA.
3D na internet
Fábio Durand, cinegrafista que integra a equipe audiovisual da TV USP, conta que a partir daquele evento surgiu a ideia de disponibilizar conteúdos do LSI e da TV USP em 3D na internet.
“O LSI já havia adquirido um par de câmeras com a intenção de produzir em 3D. Em Atlanta, conversando sobre uma projeção em 3D que tínhamos acabado de ver, ficamos sabendo do nosso interesse em comum pela estereoscopia. Em agosto fizemos a primeira gravação, na Nave Mario Schenberg, uma parceria entre o LSI e o Parque CienTec da USP”, conta o professor.
Para pôr em prática a iniciativa, Durand utilizou as duas câmeras de vídeo de alta definição que filmaram, simultaneamente, as mesmas imagens. “As câmeras foram fixadas lado a lado, o mais próximo possível uma da outra, o que resultou em uma distância de cerca de oito centímetros entre seus eixos, um pouco acima do ideal, que seria entre 6 e 6,5 centímetros”, descreve Durand.
Criação mental
“Na verdade, o que chamamos de imagem 3D é uma construção da nossa mente, a partir de um par de imagens em 2D tomadas a partir de pontos de vista ligeiramente distintos. Daí o uso de câmeras 2D para fazer 3D. As câmeras 3D que estão para ser lançadas no mercado não são nada mais do que variações do mesmo princípio. É claro que, sendo feitas com esse propósito, trarão soluções para uma série de problemas práticos, como distância interaxial, alinhamento e sincronização”, explica, “mas sem o sabor do desafio e da experimentação.”
No momento da visualização, o desafio é fazer com que cada olho veja apenas a imagem destinada a ele. No canal do Youtube, o internauta terá diversas opções de visualização em 3D. Uma delas utiliza óculos do tipo anaglífico.
“Esta é hoje uma tecnologia bastante acessível, pois os óculos são baratos e podem ser encontrados facilmente no mercado e não há necessidade de nenhum monitor especial, mas há um preço, que é a introdução da chamada disparidade retiniana, já que a filtragem é feita por cores e o olho esquerdo recebe o estímulo na faixa do vermelho, enquanto o direito fica com o azul e o verde, na versão mais comum.
Óculos 3D
Existe ainda a possibilidade de se ver sem os óculos e sem prejuízo das cores. No modo mirror split o observador deve posicionar um pequeno espelho perpendicularmente ao monitor e no modo de visão cruzada o internauta deverá convergir os olhos a um ponto intermediário entre si e a tela do computador.
“No começo pode ser um pouco difícil”, adverte Durand, “mas tudo isso está para mudar, com a chegada ao mercado dos novos monitores e TVs 3D, cujos sistemas utilizam filtragem por obturação ou polarização, sem disparidade e sem desconforto.”
Autor: Agência USP