Em meio ao temor de que o país esteja enfrentando a pior catástrofe ambiental de sua história, o governo dos Estados Unidos, a Guarda Costeira e a empresa British Petroleum (BP) lançaram uma operação de guerra para conter o vazamento de petróleo que se espalha pelo Golfo do México e pode atingir quatro Estados americanos.
A imensa mancha negra chegou ontem à costa da Louisiana. Também na rota do desastre, Flórida e Alabama declararam estado de emergência. Assim, receberão ajuda do governo federal.
Um dia antes, o governador da Louisiana, Bobby Jindal, já havia declarado estado de emergência e pedido verbas ao Departamento de Defesa para mobilizar até 6 mil soldados da Guarda Nacional, que ajudarão no eventual trabalho de limpeza. O poço que originou o problema, que ficava sob uma plataforma que explodiu e pegou fogo na semana passada, estaria liberando pelo menos 5 mil barris de petróleo bruto por dia. Alguns especialistas estimam, porém, que, na realidade, seriam cinco vezes mais – 25 mil barris ou quase 800 mil litros.
— As primeiras áreas impactadas por essa mancha de óleo são regiões costeiras críticas e frágeis — afirmou ontem Jindal.
O vazamento pode afetar a pesca, a preservação ambiental e o turismo na Louisiana, no Mississippi, no Alabama e na Flórida. A costa da Louisiana é um santuário de fauna, particularmente de aves marinhas, e a da Flórida abriga uma enorme indústria pesqueira e turística. Segundo especialistas, o atual incidente pode rivalizar com o histórico vazamento de 1969 ocorrido em Santa Barbara, na Califórnia, e com o naufágio do petroleiro Exxon Valdez em 1989, no Alasca. Funcionários do Departamento do Interior disseram que pode levar 90 dias para conter o vazamento. Nesse cenário, seriam 2,25 milhões de barris jogados ao mar. Suspensas novas licenças para exploração de petróleo.
A marinha americana está fornecendo à Guarda Costeira botes infláveis e equipamentos específicos para tentar conter a mancha de petróleo. A British Petroleum e a Guarda Costeira montaram o que classificaram como a maior operação contra vazamentos petrolíferos na história, envolvendo dezenas de embarcações e aeronaves. A empresa britânica admitiu, porém, que tem dificuldades em conter a origem do vazamento, já que a boca do poço está mais de 1,5 mil metros abaixo da superfície do mar. A BP pediu ao Pentágono que utilize veículos robôs para tentar tapar o poço.
As autoridades americanas decidiram, inclusive, colocar os presos da Louisiana trabalhando para evitar a catástrofe ambiental. Eles serão treinados pelo Departamento de Vida Silvestre e Indústria Pesqueira para limpar o petróleo derramado.
O desastre fez o presidente Barack Obama suspender ontem todas as novas licenças para a exploração de petróleo no mar. Ele pediu ao secretário do Interior, Ken Salazar, que liste em 30 dias as tecnologias que possam ser usadas para evitar novos acidentes do tipo. A suspensão das licenças não deve ter efeito imediato, já que não há pedidos pendentes para os próximos meses.
Autor: Zero Hora