A Fapesp está disposta a adquirir o melhor navio oceanográfico disponível no momento, desde que as três universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp) contratem mais cientistas para incrementar as pesquisas no mar.
Pesquisas sobre o mar
“Podemos investir em equipamentos, barcos ou num navio, mas não podemos contratar pesquisadores e professores; as universidades, sim. Queremos enfatizar os projetos de pesquisa sobre o mar montando um plano competitivo mundialmente. É o desafio que deixo aqui na Unicamp”, afirmou o professor Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da agência de fomento de São Paulo.
Brito Cruz apresentou os objetivos e estratégias para os próximos dez anos do Programa Biota/Fapesp: “Agora com o pré-sal, o mar ficou ainda mais importante para o Estado de São Paulo. Precisamos de pesquisa para entender como ele é e como ficará com a exploração do petróleo. É um assunto muito urgente”.
Biota
Segundo o diretor científico, a Fapesp está bastante satisfeita com os resultados do Biota, que demonstra capacidade de se regenerar graças à participação da comunidade que traz ideias, críticas e desafios novos.
“O Biota também serviu para colocarmos em prática uma medida importante: a busca de apoio institucional aos projetos, que é menor do que nossos investimentos. Não cabe a um coordenador telefonar para o convidado, marcar sua passagem e pegá-lo no aeroporto; cientista precisa do seu tempo para fazer ciência. A Unicamp já forneceu um gerente para o programa e outro profissional que cuida da base de dados, além de serviços de outras unidades,” disse ele.
Carlos Joly, coordenador do Biota e docente do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, atentou para o processo de institucionalização do projeto, que se desenvolve há quatro anos.
“Nesse processo, a secretaria executiva veio para a Unicamp, juntamente com a revista Biota Neotrópica. Na Unesp está sendo instalado o banco de extratos: ao contrário dos outros bancos de dados do Biota, que são de acesso público, este é sigiloso e exige sistema de senhas. Quanto à USP, estamos conversando para que cuide do desenvolvimento e testes clínicos de produtos a partir de moléculas com potencial para a indústria farmacêutica ou cosmética,” diz ele.
Projeto multidisciplinar
A realização de um fórum extraordinário sobre o Biota/Fapesp teve o objetivo de atrair e informar pesquisadores das mais diversas áreas sobre a possibilidade de ampliar o leque de pesquisas para muito além das biológicas e químicas.
“Nesses primeiros dez anos ficou claro que há enormes possibilidades de avançar para outras especialidades, a fim de que possamos melhor entender aspectos relacionados com a exploração racional dos nossos recursos nacionais”, observou o professor Ronaldo Pilli, pró-reitor de Pesquisa.
Na opinião do professor Paulo Mazzafera, diretor do IB, o Biota é o melhor programa da Fapesp, o que se comprova justamente por sua longevidade. “Este fórum é uma iniciativa interessante por trazer pesquisadores de novas áreas. No início, o projeto parecia relacionado apenas a botânicos, mas percebemos que é possível agregar muitos outros especialistas para trabalhar com assuntos da biodiversidade, a exemplo de físicos que estou vendo no auditório”.
Visões diferentes do meio ambiente
Em termos de interação, Carlos Henrique de Brito Cruz lembra que a Fapesp possui um conjunto de programas que, embora não seja o caso, sugerem uma predominância de recursos para o meio ambiente.
“Temos os programas de Mudança Climática Global, de Bioenergia e o Biota, que se relacionam. Incentivamos encontros com pesquisadores dos três programas justamente para que eles interajam, visto que existem tanto objetivos convergentes quanto conflitantes – por exemplo, entre aqueles da bioenergia, que apoiam a monocultura, e do Biota, que defendem a biodiversidade. É um debate bom de se promover,” disse ele.
Autor: Inovação Tecnológica