A produção das duas principais regiões industriais do Brasil superou, em janeiro, o patamar observado antes do agravamento da crise internacional que atingiu em cheio o setor no país. São Paulo e Rio de Janeiro fecharam o primeiro mês do ano com nível de produção 0,6% superior ao registrado em setembro de 2008. Além disso, Ceará, Bahia, Nordeste, Paraná e Rio de Janeiro registraram os patamares recorde de produção da série histórica, iniciada em 1991. São Paulo apresentou ainda uma alta de 3% na produção frente a dezembro, a maior alta desde os 4,3% de junho de 2008.
No total, nove das 14 regiões analisadas pela Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já estão em nível superior ao de setembro de 2008. O maior descolamento, de 10,6%, é o do Ceará, seguido pelo Paraná, com 9,8%; Goiás, com 8,1%; Espírito Santo, com 6,8% acima de setembro de 2008; Pernambuco, com 4,3%; Nordeste, com 2,5%; Bahia, com 1,6%; Rio de Janeiro, com 0,6%, e São Paulo, com 0,6%.
O gerente de análise e estatísticas derivadas do IBGE, André Macedo, ressaltou que nos casos da indústria do Nordeste – que agrega os parques industriais dos estados em que a produção não supera 1% do total nacional -, e da Bahia, Ceará e Pernambuco se beneficiaram da força de segmentos industriais voltados para o mercado interno, como bebidas, alimentos e perfumaria.
” Certamente os setores que são voltados para o mercado interno explicam esse saldo positivo nestes locais e também, muito possivelmente, ajudam a explicar resultados positivos de São Paulo, que é o parque industrial mais diversificado do país, e também do Rio de Janeiro ” , frisou Macedo. ” No Rio de Janeiro, além da predominância de segmentos voltados para o mercado interno, tem ainda o setor extrativo, a indústria de petróleo especificamente, que também ajuda a entender esse saldo positivo frente ao patamar de setembro de 2008 ” , acrescentou.
O técnico do IBGE lembrou ainda que Goiás se beneficiou do avanço da categoria de bens intermediários, além da força da indústria farmacêutica local, enquanto o Espírito Santo conseguiu uma forte recuperação baseada também nos bens intermediários, com extração mineral e metalurgia. Entre setembro e dezembro de 2008, a indústria capixaba havia levado um tombo de 27,3%.
Entre as regiões que ainda não recuperaram o patamar de setembro de 2008, Minas Gerais é a que apresenta a maior queda, com nível de produção 9% inferior ao do último mês anterior à crise. O saldo negativo permanece apesar da alta de 29% desde dezembro de 2008, que inferior apenas aos 47% de crescimento do Espírito Santo. Macedo explica que Minas teve a maior queda entre setembro e dezembro de 2008, com baixa de 29,4%, uma vez que o estado é forte nas indústrias automobilística, metalúrgica e extrativa mineral, justamente as mais afetadas pela turbulência econômica.
Apesar de não recuperar o nível pré-crise, Minas Gerais mostra avanços em diversos setores, mais notadamente o de máquinas e equipamentos, que subiu, em janeiro, 227,2% em relação a igual mês do ano passado, puxado pelos bens de capital para construção e pelos eletroportáteis.
Já Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que estão, respectivamente, 3,8% e 1,1% abaixo de setembro de 2008, sofrem os impactos da agricultura, uma vez que são grandes produtores de bens de capital para uso no campo.
Autor: O Globo