Empresas de olho em grandes projetos de infraestrutura

CCR mantém interesse no trem-bala. Empresa de concessões também está atenta a projetos referentes à operação de metrôs

A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) continua interessada na licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV), que deve ligar as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. No entanto, o projeto é difícil, marcado pela complexidade do projeto, riscos e custo de construção. A informação foi dada durante a apresentação dos resultados da empresa, nesta terça-feira.

De acordo com a CCR, qualquer decisão sobre a participação nesta concorrência depende das regras previstas no edital, ainda não publicado, e de eventuais negociações com parceiros. “É incerto o papel da operadora dessa malha e não é possível precisar de que forma o projeto agregaria valor aos negócios da companhia”, ressaltou o diretor-financeiro e de Relações com Investidores da concessionária, Arthur Piotto Filho. 

Segundo Piotto, a participação da CCR na licitação deve ser realizada em parceria devido ao elevado custo do projeto, que requer investimentos da ordem de R$ 34,6 bilhões. Além disso, o executivo explicou que a concessão do trem-bala embute riscos consideráveis por transferir ao concessionário a responsabilidade das despesas com licenças ambientais e com desapropriações.

Sobre o Trem Expresso Aeroporto, outro projeto de mobilidade urbana que estava no radar da CCR, Piotto acha que não deve ser concretizado caso o TAV seja construído, já que há sobreposição da malha. “Isso seria inviável”, disse.

Por outro lado, a CCR está atenta a projetos referentes à operação de metrôs. “Temos cinco ou seis projetos sendo avaliados em capitais que estão investindo em infra-estrutura metroviária, como Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Fortaleza, Curitiba e Rio de Janeiro”, destacou. Em São Paulo, a empresa começa em breve a administrar a ViaQuatro, voltada para o setor metroviário.

Tráfego 

As perspectivas para a CCR são positivas, diante da recuperação do tráfego nas rodovias, duramente atingido pela crise entre o fim de 2008 e o início de 2009. Durante a teleconferência com analistas e investidores, os executivos destacaram que o crescimento do tráfego foi mais acentuado no fim do ano passado e a tendência vem se mantendo nos primeiros meses de 2010. O tráfego cresceu 19,5% no último trimestre do ano passado e 17,1% no ano de 2009.

Comparando-se a mesma base de tráfego, ou seja sem a adição da Renovias e RodoAnel, o tráfego apresentou crescimento de 4,5% no último trimestre e de 0,2% no ano. Em janeiro, o indicador registrou aumento de 9% e a primeira metade de fevereiro evidencia a mesma tendência.

O grupo também vem tendo sucesso na implantação do “Sem Parar”, sistema de cobrança automática de pedágios que a médio prazo deve cortar custos nas praças. Atualmente, a adesão é de 1,8 milhão de usuários, representando 56% da receita das rodovias. 

Resultados
 

A CCR acumulou em 2009 um lucro líquido de R$ 634,563 milhões, queda de 11,1% em relação a 2008, quando lucrou R$ 713,6 milhões. Sem levar em consideração o efeito não recorrente de R$ 84,6 milhões, que foi lançado no último trimestre do ano e não tem efeito caixa, o ganho líquido teria sido de R$ 722,9 milhões, com alta de 1,5% sobre 2008. Já com a exclusão dos ativos Renovias, RodoAnel, ViaQuatro e Controlar, o lucro líquido de 2009 ficaria em R$ 732,7 milhões – cifra que inclui o efeito não recorrente.

No ano passado, a receita líquida da CCR alcançou R$ 3,089 bilhões, incremento de 13%. Excluindo-se Renovias, RodoAnel, ViaQuatro e Controlar, a receita líquida alcançou R$ 2,88 bilhões, com aumento de 7,4%. O Ebitda da CCR, que mede a geração de caixa da companhia, somou R$ 1,960 bilhão, crescimento de 13,2% frente a 2008. Já a margem Ebitda ficou em 63,5% no ano, com ligeiro acréscimo de 0,2 ponto percentual. Sem considerar Renovias, RodoAnel, ViaQuatro e Controlar, o Ebitda atingiu R$ 1,824 bilhão em 2009.

O presidente da CCR, Renato Alves Vale destacou que importantes operações para o futuro da companhia foram consolidadas durante o ano passado, como a conclusão do financiamento de longo prazo para a concessionária Rodoanel Oeste junto ao BID e JBIC adequando o perfil de endividamento e o sucesso da operação de aumento de capital da empresa, com captação líquida de R$ 1,2 bilhões, preparando a companhia para mais um salto de crescimento qualificado.

Ele destacou, ainda, que houve a aquisição de 45% do capital da Controlar empresa responsável pela inspeção veicular ambiental em São Paulo e a adesão ao programa de redução e parcelamento de tributos. “Essas consolidações e a retomada do crescimento de tráfego, observado no último trimestre e janeiro de 2010, nos permitem projetar mais um ano de bons negócios.” 

Na busca de patamares elevados

Na avaliação do gerente de Relações com Investidores da CCR, Marcos Macedo, o resultado da CCR foi positivo já que o ano de 2009 pode ser considerado difícil. Além disso, a empresa está se preparando para mudar de nível, buscando patamares mais altos para seu Ebitda.

“Excluindo-se os efeitos dos negócios em fase inicial, o resultado foi forte. O ano de 2009 foi o início de uma preparação”, ressaltou. Neste ano, a ViaQuatro começa a operar. Desta forma, a companhia começa a administrar 12,8 quilômetros de malha metroviária no Estado de São Paulo. Além disso, o trecho Oeste do Rodoanel, administrado pela CCR, e a Controlar devem começar a dar resultados.

Somente no quarto trimestre, a CCR registrou lucro líquido de R$ 111,714 milhões, queda de 40,8% ante a cifra de igual período de 2008. Além do aumento das despesas financeiras, o resultado foi afetado por efeitos não recorrentes de R$ 84,6 milhões, decorrentes da adesão da companhia a programa de parcelamento de tributos federais. Sem considerar estes fatores, o ganho líquido trimestral da CCR teria crescido 6% na mesma base de comparação, para R$ 196,3 milhões. Já o Ebtida atingiu R$ 520,4 milhões, alta de 10% ante o quarto trimestre de 2008, com margem de 61,8%.

Autor: Monitor Mercantil