Número de veículos encalhados nas ruas de SP aumentou 20% em 2009

Veículos quebrados, sem combustível ou que se envolveram em acidentes interromperam trechos de vias de São Paulo em escala recorde no ano passado. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) realizou 225.324 remoções, quantia 20% superior à registrada em 2008. E o resultado desse quadro é congestionamento, principalmente em vias como a Marginal do Tietê, onde a interrupção por 15 minutos de uma faixa provoca 3 quilômetros de lentidão.
A quantidade de remoções vem aumentando ano a ano, até mesmo a uma taxa maior do que a do crescimento da frota – que teve alta na capital de 4,6%. Uma das explicação é que o aquecimento econômico possibilitou a compra de carros novos, mas não houve a retirada dos mais velhos das ruas. “As pessoas continuam utilizando os velhos, como o segundo carro, em dias de rodízio”, diz o consultor de engenharia de tráfego Sergio Ejzenberg.

A média mensal de retiradas de veículos das vias em 2007 era de 12.929, subindo para 15.578 no ano seguinte e chegando aos recentes 18.777 por mês. “E quando as obstruções acontecem perto de um semáforo ou em um cruzamento de vias importantes, um quarteirão inteiro fica prejudicado”, diz o consultor, que calcula o impacto disso para os demais motoristas. Segundo ele, uma avenida com quatro faixas por sentido e movimentada – 2 mil veículos por faixa em uma hora – teria filas superiores a 400 metros, se uma faixa fosse bloqueada por 10 minutos. “E isso já compromete o semáforo anterior.”

Somente ontem, houve 11 casos de obstruções: cinco caminhões quebrados, quatro ônibus e dois acidentes. As quebras cada vez mais são as responsáveis pelas obstruções. Em média, foram 14.274 casos desse tipo por mês no ano passado, ante 4.086 acidentes. Em relação ao ano anterior, as quebras aumentaram 24,3% e os acidentes, 15,1%. O caminhoneiro Renato Ferreira, de 29 anos, enfrentou esse problema semana passada, quando seu caminhão quebrou, às 10h30, na Marginal do Tietê, próximo da Ponte do Tatuapé. A obstrução provocou congestionamento. “A mangueira do freio de mão estourou e o caminhão travou.” Os problemas mais comuns são mecânicos (45%), elétricos (17%), pneu furado (6%) e falta de combustível (1%). Os demais casos não foram identificados.

A boa notícia é que diminuiu nos últimos anos o tempo que a CET leva para retirar os veículos. Atualmente, uma ocorrência leva, em média, 24,8 minutos para ser atendida. Somente a remoção dura, em média, 14,3 minutos. No ano passado, eram necessários 15 minutos e, em 2007, 15,3. O tempo de deslocamento até o local também caiu, passando de 12,5 minutos para 12,1 e, agora, para 10,5 minutos. Segundo a CET, os principais motivos foram o aumento no número de viaturas e de operadores de tráfego, melhor distribuição dos guinchos e a diminuição dos congestionamentos.

Automóveis são vilões em 73% dos casos

Os caminhões e os ônibus fretados foram eleitos em diferentes momentos os vilões do trânsito. Mas os dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que cada vez mais os automóveis provocam as obstruções nas vias. A participação desses veículos no total de quebras e acidentes aumenta ano a ano – enquanto que a dos ônibus e caminhões apresenta queda. Em 2009, os automóveis foram responsáveis por 73% dos casos.

Foram registrados ao longo dos 12 meses 164.486 incidentes envolvendo automóveis. A quantia é 51,7% superior à registrada há dois anos, por exemplo. No mesmo período, a variação dos casos com caminhões foi de 37% e as com ônibus, 5,7%. O pedreiro José Carlos de Oliveira, de 34 anos, representou bem essa estatística, quando seu Fiat Uno quebrou na Marginal do Tietê, perto da Ponte Julio de Mesquita, semana passada. “Eu cuido bem da manutenção. Mas teve uma falha, um problema porque eu devo ter colocado gasolina adulterada.”

A participação de caminhões no total de obstruções caiu de 19,5% para 18,4% entre 2007 e 2009. No mesmo período, a de ônibus foi de 10,6% para 8,6%. Os especialistas dizem que as restrições para veículos de carga e fretados foram os principais fatores para a queda.

Autor: O Estado de S.Paulo