Com cobrança, motoristas devem migrar para a Tietê

Com o fechamento do acesso da Rodovia Castelo Branco ao Rodoanel Mario Covas e a obrigatoriedade do pedágio, os motoristas devem procurar alternativas para fugir da cobrança. Uma delas é a própria Marginal do Tietê. Consultores na área de tráfego ouvidos pelo Jornal da Tarde afirmam que a implantação de pedágio sempre leva os usuários a buscarem caminhos mais baratos – o que, nesse caso, significa optar por atravessar a cidade em vez de optar pelo Rodoanel, cuja grande finalidade é tirar o transporte de carga das vias urbanas.

“Facilidades estimulam fluxos de tráfego e empecilhos desestimulam”, disse o consultor Sérgio Ejzenberg. “Pode haver uma migração de veículos, que optariam naturalmente pelo Rodoanel, para a marginal.” Desconfiado de que a reforma da Tietê seja um sinal de que a via também será pedagiada, Ejzenberg crê que a cobrança da Castelo seja o início de um cerco ao motorista. “No futuro, o condutor não terá escolha.”

O diretor da consultoria TTC, Elmir Germani, preferiu tratar do assunto de forma genérica, sem análise específica do caso da Castelo. “Mas certamente é possível dizer que a cobrança de pedágio vai afugentar usuários”, afirma.

Para Ejzenberg, o valor cobrado dos motoristas na Castelo Branco – R$ 2,80 – não é alto. Veículos como caminhões e ônibus pagam R$ 2,80 por eixo. “Mas o valor continua mexendo no bolso do motorista, especialmente dos caminhoneiros que, em média, devem multiplicar a tarifa por cinco”, disse.

Jaime Waisman, professor da Escola Politécnica da USP, diz que as pessoas deixarão de usar o Rodoanel só se houver para elas aumento substancial do valor pago na rotina diária.

Autor: Jornal da Tarde