Para evitar que novos deslizamentos venham a causar mais mortes e prejuízos materiais, como os ocorridos este ano no Rio de Janeiro e em várias regiões do País, engenheiros geotécnicos reunidos na sexta-feira (15/1), no Clube de Engenharia, no Rio, firmaram um documento público com cinco propostas principais.
Assinado pela ABMS (Associação Brasileira de Mecânica das Rochas e Engenharia Geotécnica) e pelo Clube de Engenharia, o texto recomenda que os governos estaduais promovam a criação de órgãos geotécnicos estaduais para atuar de forma permanente em apoio aos municípios, visando à segurança das encostas.
As duas entidades querem também a definição de um Plano Nacional de Segurança de Encostas, que deverá ser articulado por um novo órgão a ser criado, a Comissão Federal de Segurança de Encostas. “O tema é de âmbito nacional e precisa de soluções abrangentes”, afirma um dos signatários do documento, o engenheiro geotécnico Jarbas Milititsky, presidente da ABMS. “O deslizamento acontece naturalmente nos municípios – mas este é um problema que merece uma abordagem mais profunda, envolvendo órgãos federais, estaduais e municipais”, sustenta o engenheiro.
O documento faz outras recomendações – como a elaboração compulsória de mapas geotécnicos para identificar as áreas de risco. Outra medida proposta é a integração das universidades e associações técnicas ao trabalho de gestão das áreas de risco, treinamento de pessoal e ações de conscientização da população.
A quinta recomendação da ABMS e do Clube de Engenharia é que os governos estaduais devem tornar obrigatória a avaliação dos projetos e construções em encostas por parte de especialistas em Geotecnia. O “2º Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas” reuniu 170 especialistas na manhã desta sexta-feira, 15 de janeiro, no centro do Rio.
Participaram do encontro a secretária Marilene Ramos, titular da Secretaria do Ambiente do Estado do Rio, que fez um balanço das iniciativas do governo frentes às enchentes e deslizamentos deste ano, e o diretor da GEO-RIO, Luis Otávio Vieira. Ao final do encontro, Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia e ex-presidente da ABMS, fez a leitura do documento conjunto assinado pelo Clube e pela ABMS. O texto foi entregue à secretária Marilene Ramos.
A ABMS foi representada por seu ex-presidente, Alberto Sayão, que representou no encontro o atual presidente Jarbas Milititsky, por Ian Schumann Martins, presidente do Núcleo Rio da ABMS, e por Anna Laura Nunes, presidente do CBMR, além de diversos associados que compareceram ao encontro.
O Seminário foi uma promoção da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), do Clube de Engenharia, do CREA-RJ, do CBMR (Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas) e da ABGE (Associação Brasileira de Geologia da Engenharia e Ambiental). Associação de caráter técnico e científico, fundada em 1950, a ABMS reúne engenheiros geotécnicos de todo o Brasil e especialistas em estabilidade de encostas, fundações e obras de infraestrutura. É presidida pelo engenheiro geotécnico Jarbas Milititsky.
Depois de participar das ações de socorro às vítimas dos deslizamentos ocorridos em Santa Catarina em dezembro de 2008, a ABMS elaborou a “Carta de Joinville”, sugerindo medidas preventivas que deveriam ser adotadas em âmbito nacional. “Os recentes deslizamentos de encostas registrados em vários pontos do país reafirmam a importância das medidas sugeridas na ‘Carta de Joinville’”, sustenta o presidente da ABMS. “Resta agora implementá-las, começando pelo Rio de Janeiro”.
Autor: Envolverde