NA MÍDIA – Paulistanos temem novos deslizamentos por causa de chuva

A Defesa Civil está tendo dificuldades para tirar as pessoas desses locais. Os moradores dizem não ter para onde ir

A chuva parou, mas a São Paulo que passou quase um dia em estado de alerta amanheceu com a notícia de novos deslizamentos. Ainda existem áreas de risco. A Defesa Civil está tendo dificuldades para tirar as pessoas desses locais. Os moradores dizem não ter para onde ir. Ontem, em um único deslizamento na Grande São Paulo deixou uma família inteira destruída.

Um risco anunciado. O perigo mora em cima. Embaixo. Depende de tempo – do mau tempo.

“Estalou e já desceu. Quando nós saímos, já tinha acontecido tudo. Não tinha mais nada a fazer”, conta a faxineira Maria de Lurdes Santos.

Desde o início do mês, a chuva já matou 21 pessoas no estado de São Paulo – quase o mesmo número de vítimas de todo o verão passado. Só que a estação ainda nem começou. Em apenas um dia: seis mortes. Na madrugada chuvosa de terça-feira, a primeira vítima: o catador de papelão, Francisco de Oliveira Lima. A casa onde morava em Sapopemba, Zona Leste da capital paulista, deslizou junto com o barro. Ele morreu debaixo dos escombros.

A área foi classificada como de alto risco pela Defesa Civil. Ao todo, 120 casas foram interditadas e os moradores, retirados.

“Vamos ter que sair, está desabando. Não tem lugar para ir”, avisa o auxiliar de limpeza William Coiote.

Ainda na madrugada, a segunda vítima: em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo: uma mulher de 57 anos. Ela morava em uma das duas casas construídas de forma irregular, sobre um córrego. Os vizinhos conseguiram escapar.

Pela manhã, outra tragédia. Em Santana de Parnaíba, também na Região Metropolitana, quatro irmãos morreram soterrados.

As três crianças e o jovem estavam dormindo quando a terra deslizou sobre o quarto deles. Os pais já tinham acordado, estavam em uma parte da casa que não foi atingida pelo barro. A mãe preparava o café, o pai se arrumava para o trabalho. Não tiveram tempo de salvar os filhos.

Os corpos dos gêmeos Juliana e Juliano, de 7 anos, Gilmara, de 9, e João Luís, de 20 anos, foram resgatados debaixo de chuva. A mãe foi internada ao saber da morte dos filhos. O pai, Gilmar dos Santos, estava inconsolável: “Era minha família, tudo para mim. Tudo o que eu fazia era só para eles, agora não sei o que posso fazer. Não tem mais ninguém”.

Um primo das vítimas, Erivelton Rodrigues, conta que João Luís pressentiu que algo de ruim ia acontecer: “Ele pediu um cigarro e me deu um abraço, parecia que ele estava sabendo que ia morrer. Parecia que era o último abraço. Estou arrasado”.

Os quatro irmãos serão enterrados no cemitério municipal de Santana de Parnaíba.

Como evitar o que aconteceu com São Paulo ontem? Será que é possível? Nós convidamos um especialista do Instituto de Engenharia de São Paulo para analisar o problema. O coordenador do Instituto de Engenharia de São Paulo, João Jorge da Costa, explica que a cidade está ocupando espaços que seriam do rio: “É preciso planejamento e gestão para que, ao longo do tempo, sejam feitas obras para que isso não aconteça mais”.

Ele destaca que a prefeitura de São Paulo trabalha em um plano de drenagem dos rios, mas com atraso. É preciso acelerar esses planejamentos, já que não há soluções imediatas para evitar que situações como a de terça-feira se repitam no verão. 

Veja entrevista de João Jorge da Costa, do Instituto de Engenharia, ao Bom Dia Brasil.

Autor: G1 – Bom Dia Brasil