Modelo garantiu vaga de equipe brasileira em competição internacional.
FEI RS4 acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e chega a 160 km/h
O modelo das fotos parece uma daquelas invenções malucas de estudantes que têm total liberdade para criar o que quiserem. O desenvolvimento é mesmo quase livre, mas a ‘experiência’ tem tanta engenharia e tecnologia embarcada quanto os carros de competição de verdade. E esse é o objetivo desses protótipos: preparar os futuros engenheiros do automobilismo nacional.
O chamado FEI RS4 foi campeão da última edição da Fórmula SAE BRASIL-PETROBRAS, que reuniu cerca de vinte carros tipo Fórmula projetados e construídos por estudantes de engenharia de seis estados do país e da Venezuela. Com o título, o protótipo garantiu a participação do Centro Universitário da FEI em uma competição internacional, que será realizada em Michigan, nos Estados Unidos, em maio de 2010.
Quase todos os componentes do FEI RS4 são assinados pela equipe Fórmula FEI. Apenas o amortecedor, rodas, pneus e conjunto motor e transmissão não foram desenhados e produzidos dentro da oficina dos alunos. O G1 testou a ‘engenhoca’ em uma pista dentro da universidade.
Para entrar no protótipo o cuidado é redobrado. A carenagem é toda feita em fibra de carbono, inclusive o assoalho. No painel há dois pinos, um que libera a admissão e outro a bomba de combustível, que são acionados antes de ligar o carro. Enquanto o motor ronca, no centro do volante um mostrador digital aponta a temperatura e rotação do motor e a tensão da bateria. Um luz azul acima indica que a transmissão de seis velocidades está no neutro.
O conjunto transmissão e motor foi herdado da Honda CBR 600RR e, assim como na motocicleta, as trocas de marchas são feitas na mão por meio de uma alavanca, do lado esquerdo do motorista. O sistema de embreagem, que ainda está em testes e será melhorado, é muito duro e exigiu uma ‘forcinha’ da equipe para que o carro saísse do box.
Com a primeira marcha engata, já dá para sentir a disposição do motor de 600 cc , 4 cilindros, 120 cavalos de potência e 6,7 kgfm de torque. Como a pista era curta, não foi possível abusar das marchas. A máxima usada foi a terceira velocidade. Mas o carro é muito arisco e pede o tempo todo mais aceleração. Segundo os criadores, o protótipo chega a 160 km/h.
A velocidade máxima não é lá essas coisas, mas o carro vai de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos, a mesma aceleração do Lamborghini Murciélago LP640 (V12 6.5 de 640 cv) e da Ferrari 458 Italia (V8 4.5 de 570 cv). A explicação para o bom desempenho é o peso: são apenas 215 kg. Outro ponto alto é a dirigibilidade. Mesmo com o braço preso ao cinto, por uma questão de segurança, e a direção um pouco dura, é fácil manobrar o carro que tem bom esterçamento (diâmetro de giro).
Na pista, é possível falar com a equipe a qualquer momento. Basta apertar um dispositivo que é preso ao volante e a comunicação é feita via fone de ouvido e um microfone acoplado ao capacete. Em caso de algum problema, os estudantes no box dispõem de dados fornecidos por um sensor que mede a pressão de temperatura dos pneus, a aceleração nos três eixos e mostra como a suspensão está trabalhando os pneus, uma espécie de telemetria de F1.
Para a competição internacional, no ano que vem, a equipe vai levar um carro completamente novo. A principal meta é chegar a 170 kg, no máximo. Além de recursos financeiros (o FEI RS4 custou US$ 14 mil), os alunos precisam correr atrás do tempo, já que leva-se, em média, três meses para projetar o carro, outros dois para construir o protótipo e mais um mês para fazer os testes.
Autor: G1