A Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) divulgou hoje, em cerimônia realizada no hotel Sheraton WTC Hotel, em São Paulo, os vencedores da sétima edição do Prêmio Talento Engenharia Estrutural. A premiação é promovida pela entidade e pela Gerdau desde 2003 e tem o objetivo de divulgar no meio técnico os trabalhos de engenharia de estruturas que mais merecem destaque.
Dentre os inscritos, quatro foram contemplados com o prêmio que reconhece os méritos dos engenheiros estruturais perante os desafios impostos por condições econômicas, geotécnicas, arquitetônicas ou técnicas. Além dos vencedores, outros quatro projetistas foram destacados com menção honrosa.
O vencedor da categoria Edificações foi o engenheiro Valdir Silva da Cruz, pelo projeto estrutural da condomínio Top Towers, em São Paulo. Na categoria Infraestrutura, o prêmio ficou com Flávio de Lima Ferreira Alves, por seu trabalho no projeto estrutural do Porto Centro Atlântico do Complexo Industrial da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), no Rio de Janeiro. Eduardo Barros Millen foi o vencedor da categoria Obras Especiais pelo projeto estrutural do galpão do Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Por fim, a concepção estrutural da casa de praia de Santa Rita, em Paraty, Rio de Janeiro, rendeu a Carlos Otávio de Souza Gomes o primeiro lugar na categoria Pequeno Porte.
Os projetos inscritos, cujas estruturas podiam ser de concreto armado, protendido, metálicas, de madeira, alvenaria ou mista, foram avaliados pela comissão julgadora a partir de quesitos como concepção estrutural, processos construtivos e uso adequado de materiais, originalidade, monumentalidade, implantação no ambiente, esbeltez e deformabilidade, estética e economia proporcionada.
Os vencedores da edição 2009 do prêmio Talento ganharam uma viagem com estadia para comparecer ao World of Concrete, que ocorrerá em fevereiro de 2010 e será realizado em Las Vegas, nos Estados Unidos. Recebem também diploma e troféu alusivo ao evento. As quatro menções honrosas foram contempladas com diploma e placa alusiva ao evento.
Confira, a seguir, imagens e alguns detalhes dos projetos contemplados com o primeiro lugar e os que receberam a menção honrosa. A reportagem completa você confere na edição de novembro da revista Téchne.
CATEGORIA: Edificações
Vencedor: Valdir Silva da Cruz
Condomínio Top Towers (SP)
No total, as duas torres que compõem o condomínio Top Towers, localizado em São Paulo, têm 42 andares. Esse também é o número de jogos de fôrma de madeira que a estrutura demandou para ser construída. O motivo é a alternância de sacadas prevista pelo projeto arquitetônico, que faz cada andar ser diferente do anterior. Essa peculiaridade afetou também o projeto estrutural, conforme conta o responsável pelo projeto, engenheiro Valdir Silva da Cruz, da Socalculo Projetos Estruturais. “Interfere de maneira significativa no que diz respeito ao carregamento, que não é uniforme, e à estabilidade global, pois altera diretamente a rigidez horizontal do edifício”, explica. Para cada face de andar, o efeito de tombamento age de uma maneira, o que levou à concepção de 417 desenhos diferentes.
Menção honrosa: Paulo Eduardo Bacchin
Edifício Comercial na avenida Juscelino Kubitschek (SP)
Com vãos que variam de 14,5 m a 16,5 m nos 18 pavimentos-tipo, esse edifício de 20 andares, cuja concepção básica da estrutura é em concreto armado, conta com lajes mistas de concreto e aço. O engenheiro Paulo Eduardo Bacchin, autor do projeto estrutural, optou por essa solução como alternativa à laje de concreto protendida. “Segundo reclamações dos próprios clientes, a laje protendida engessa a estrutura à concepção original”, elucida Bacchin.
INFRAESTRUTURA
Vencedor: Flávio de Lima Ferreira Alves
Porto Centro Atlântico do Complexo Industrial da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) (RJ)
As obras civis que compõem o terminal portuário consistem de um píer com 700 m de extensão – subdividido em duas estruturas, uma para carvão, com 413 m de comprimento, e outra para produtos siderúrgicos, com 287 m – e de uma ponte de acesso com 3.825 m de comprimento e 17,5 m de largura. Esta, projetada para receber trens compostos por dois caminhões para transporte de placas com peso total de 140 t cada. Para vencer as dificuldades construtivas inerentes às condições de mar e dar velocidade à execução de obras com as dimensões contratadas, a alternativa tecnológica adotada foi a da pré-moldagem. “A facilidade construtiva foi bastante vantajosa, possibilitando a execução de um vão da ponte de acesso com 17 m de extensão por dia”, lembra Flávio de Lima Ferreira Alves, da RAM Engenharia. Essa ponte é de concreto armado e tem tabuleiro formado por seis vigas longitudinais pré-fabricadas.
Menção honrosa: Ivan José de Godoy Mazella
Remodelação da Estação Saldanha I – Metrô de Lisboa (Portugal)
A interligação das linhas Amarela e Vermelha do Metropolitano de Lisboa exigia que a Estação Saldanha, inaugurada em 1959, fosse remodelada. No entanto, a operação da estação não poderia ser interrompida durante o período de obras. Essas consistiam na ampliação da área do chamado Átrio Norte – que cresceu de 100 m2 para 350 m2 – e nas galerias de acesso às plataformas. Dois túneis foram construídos, ainda, sob as vias para interligação das galerias de acesso. Para tanto, foi necessário demolir parte do Átrio Norte. A fim de proteger os usuários, este, assim como parte de uma abóbada de passagem foram previamente suportados por estruturas metálicas temporárias. Essa abóbada tem, ainda, a característica de ter sido construída com concreto pouco armado. Para preservá-la, passou por processo de subfundação, com uso de microestacas inclinadas.
OBRAS ESPECIAIS
Vencedor: Eduardo Barros Millen
Galpão do Estaleiro Atlântico Sul (PE)
Destinado à construção de partes de embarcações construídas no dique seco, o galpão tem 160 m de comprimento, dividido em três naves. A primeira com 42 m de vão, a segunda com 40 m e a terceira com outros 30 m. Conforme conta o engenheiro autor do projeto de estruturas, Eduardo Barros Millen, da Zamarion e Millen Consultores, as principais solicitações da estrutura são os esforços verticais e horizontais das pontes rolantes de 30 tf e 150 tf, com a última operando em altura de 25 m. A estrutura também sofre ação do vento e esforços decorrentes de variações volumétricas. Esses causados em decorrência da distância entre as juntas de dilatação nas vigas, entre 80 m e 90 m. As vigas foram solidarizadas no local em três níveis de altura.
Menção honrosa: Jeferson Luiz Andrade
Passarela curva – Hospital Israelita Albert Einstein
A passarela de conexão de dois edifícios do novo complexo hospitalar Albert Einstein, em São Paulo, deveria vencer um vão livre de 45 m e atender a seis pavimentos, além da cobertura, simultaneamente. Isso tudo passando sobre uma via de tráfego comum. Para suportar as cargas da passarela curva, o engenheiro Jeferson Luiz Andrade, da Andrade Rezende Engenharia de Projetos, adotou um sistema misto de treliças e pórticos espaciais. “Foi realizada modelagem espacial da estrutura com análise estática e dinâmica para estudo de vibrações de piso para garantia do conforto de utilização”, conta Andrade. Por se tratar de uma estrutura esbelta e com ampla área de superfície, considerou também os efeitos do vento. A opção de Andrade foi por uma estrutura em perfis laminados e soldados, produzida em fábrica e executada em módulos pré-montados no solo. Dali, foram erguidos por guindastes até a posição final.
PEQUENO PORTE
Vencedor: Carlos Otávio de Souza Gomes
Casa de praia de Santa Rita, Paraty (RJ)
Dentre as premissas básicas do projeto arquitetônico estavam os grandes balanços e grandes vãos para a casa de dois pavimentos dispostos em blocos independentes e interligados por apenas um pilar. No entanto, devido à existência de grandes painéis de vidro na fachada frontal – e também a questões de conforto -, as deformações deveriam ser restritas. A solução encontrada pelo engenheiro Carlos Otávio de Souza Gomes, da SF Engenharia, previu a construção de duas grandes paredes de concreto armado, com 40 cm de espessura, nas laterais da residência, servido de apoio para as lajes e vigas. Dessa maneira, parte da estrutura fica apoiada sobre essas paredes e o restante – até 9,95 m – fica em balanço. De acordo com Gomes, a solução inicial previa protensão em todas as lajes, mas o custo inviabilizaria a execução da obra.
Menção honrosa: João Amilton Mendes
Portal estaiado Condomínio Club La Défense (PR)
Para atender a demandas arquitetônicas, o engenheiro João Amilton Mendes, da JAM Engenharia, optou por utilizar estais na concepção estrutural do portal de entrada do Condomínio Club La Défense, que fica no Paraná. Com 10 m x 16 m, a plataforma foi suspensa por oito cabos de aço que se posicionam a 45º e mudam de direção no topo do pórtico por meio de polias. Depois de passar por esses elementos, inclinam-se a 60º e são ancorados em blocos de concreto armado sobre estacas tracionadas.
Autor: PINIWeb