Depois de décadas de presença discreta no mercado espacial, Portugal acaba de lançar o primeiro equipamento espacial desenvolvido com fins comerciais
Trata-se de um magnetómetro, uma espécie de bússola espacial, desenvolvido pela portuguesa LusoSpace, que vai ser o guia dos satélites da Agência Espacial Europeia (ESA).
O projecto está ainda em fase experimental, razão pela qual não será ainda utilizado para efeitos de navegação. O teste será feito com o satélite Proba-2, lançado na última madrugada, a bordo do foguetão russo “Rockot”.
Ivo Vieira, director da LusoSpace, explica à Renascença que, “nesta missão, o magnetómetro é um simples passageiro, porque ainda não está apto para a navegação. O nosso objectivo é verificar o comportamento da máquina no espaço e tentar perceber até que ponto o design e o fabrico português estão de facto operacionais”.
Desse ponto de vista, o projecto abre boas perspectivas ao negócio da LusoSpace: “Se conseguirmos fabricar um magnetómetro que, uma vez no espaço, consiga durar vários anos, funcionando em pleno, estamos a dar ao mercado um sinal claro de que estamos preparados para entrar neste negócio a competir de igual para igual com grandes empresas do sector”.
Ivo Vieira afirma mesmo que já há clientes interessados. “Já estamos a comercializar este magnetómetro para outros satélites desenvolvidos por empresas inglesas, francesas e italianas. Por outro lado, temos dois magnetómetros integrados em missões do programa Aeolus, da ESA, e temos mais oito que já foram encomendados para outras missões”.
NASA: a fortaleza impenetrável
Pé ante pé, a LusoSpace ganha espaço e notoriedade no mercado europeu. Já o mercado norte-americano é um desafio maior. Ivo Vieira admite que têm sido muito raros os contactos com a NASA, tanto mais que “neste momento, o nosso objectivo é firmarmo-nos no mercado europeu como parceiro de qualidade. Por outro lado, neste campo, os americanos são extremamente proteccionistas e não costumam ceder à tecnologia oriunda de empresas estrangeiras”.
“Finalmente”, conclui o director da LusoSpace, “há toda uma dinâmica de investigação aeroespacial nos Estados Unidos que não tem paralelo com aquilo que ainda fazemos”.
A LusoSpace ainda está classificada como uma pequena empresa. Fundada em 2002, emprega cerca de uma dezena de investigadores portugueses especializados em projectos de engenharia espacial
Autor: Renascença – Portugal