Eureka mostra invenções de alunos da Mauá

Física, matemática e química são a base dos 150 trabalhos de estudantes de administração, tecnologia e engenharias

Eureka! Eureka! (Descobri! Descobri!) Foi o que o sábio grego Arquimedes saiu gritando – detalhe: ele nu – pelas ruas da cidade de Siracusa, quando idealizou a teoria física do empuxo no meio de um banho de tina. Não foi à toa que o Centro Universitário Mauá batizou de Eureka a feira que reúne os trabalhos de conclusão de curso (TCCs) de seus estudantes, encerrada neste domingo. Física, assim como matemática e química, são a base dos 150 trabalhos apresentados no evento por formandos de administração, dos cursos superiores de tecnologia e de todas as engenharias oferecidas pela universidade.

A Eureka existe nesse formato, com a exposição de todos os TCCs e aberta ao público externo, desde 2000. Os projetos são criados em grupo para que todos possam expor seus trabalhos e ainda ter tempo de dar conta dos estudos obrigatórios e estágios. Os projetos normalmente são feitos no ano da formatura, mas há alguns tão trabalhosos que começam a ser desenvolvidos dois ou até três anos antes da conclusão do curso.

Segundo o reitor do Centro Universitário, Otávio Silvares, a ideia é que a Eureka seja uma “vitrine para que os alunos mostrem suas idéias”. Apesar disso, raramente os autores dos TCCs conseguem financiamento para transformar os protótipos em produtos comerciais. “O que ocorre muito é um aluno desenvolver uma ideia para a empresa em que já trabalha e esta, então, passar a utilizá-la”, explica o reitor. 

Muitos projetos só são concretizados graças aos equipamentos de que a Mauá dispõe.A faculdade libera acesso total aos laboratórios e ajuda com parte dos recursos para a criação dos protótipos. Não seria possível, por exemplo, para os estudantes Rodrigo Rezende, Wander Cristiano, Bruno Benelli, de Engenharia Mecânica e Fábio Jerena, de Elétrica, criarem a ignição e a injeção eletrônica para motores de baixa cilindrada, que garantem eficiência e versatilidade, sem o uso do dinamômetro. Segundo os inventores, o equipamento permite medir potência, consumo, ensaio de durabilidade. 

O sorvete simbiótico, sabor açaí (conhecido por suas propriedades nutritivas), capaz de melhorar o funcionamento do intestino, saiu das cabeças de Juliana Mazzer e Daniela Pinto, alunas de Engenharia de Alimentos. Para tentar entender o que a sobremesa tem de diferente em relação aos iogurtes já existentes no mercado é preciso conhecer a definição de simbiótico. A palavra mostra que o alimento é, ao mesmo tempo, probriótico e prebiótico. Ou seja, tem micro-organismos vivos (pro) e seu respectivo alimento (pre). Com a sua comida ali do lado, a bactéria tem a capacidade de sobreviver no congelador, a uma temperatura muito inferior à que está acostumada. A dificuldade do projeto das meninas estava em como tornar isso possível. A resposta foi dada pela orientadora Cynthia Kunigk, que sugeriu o encapsulamento. Juliana e Daniela dizem que essa técnica permite proteger o micro-organismo do frio extremo e fazê-lo chegar com vida no intestino.

Outro projeto, o da turbina eólica de eixo vertical para pequenas edificações, comprova que não é preciso estar no litoral nordestino para que a força do vento gere energia elétrica. A turbina projetada pelos alunos Guilherme Duarte, Roberto Rossi, Raphael França e Gustavo Mancini deve ser instalada em locais altos e com circulação de vento – o que demanda um estudo prévio antes da instalação – de 15 a 30 quilômetros por hora. É pouco. Uma brisa chega a 8 km/h. Os idealizadores dizem que o objetivo do projeto também é mostrar que o uso da energia eólica vale a pena financeiramente. Garantem que é possível ter retorno em um ano.

Os estudantes afirmam que a relação custo-benefício da turbina é superior à dos painéis solares. Um painel de R$ 2 mil, por exemplo, produz em torno de 120 watts. Pelo mesmo preço é possível instalar uma turbina de 750 watts, como a do protótipo dos meninos, capaz de acender até 60 lâmpadas incandescentes. Ela só não sustenta o chuveiro elétrico, porque o consumo gira em torno de 5 mil watts.

Autor: O Estado de S.Paulo