A Embrapa Pantanal estabeleceu índices de qualidade do solo sob pastagem cultivada e nativa na planície pantaneira para auxiliar o monitoramento da sustentabilidade dos sistemas de produção. Os índices de qualidade do solo (IQS) foram levantados pelo pesquisador Evaldo Luis Cardoso, em sua defesa de doutorado na Universidade Federal de Lavras (MG), e constitui um componente dos indicadores de sustentabilidade do Pantanal, que a empresa vem pesquisando há alguns anos.
“Um modelo de desenvolvimento sustentável pressupõe um profundo conhecimento dos aspectos ambientais, econômicos e sociais componentes do sistema de produção em questão, e dentre os componentes ambientais, o elemento solo assume papel de destaque”, afirma o agrônomo.
O titulo da tese é Qualidade do solo em sistemas de pastagens cultivada e nativa na sub-região da Nhecolândia, Pantanal Sul-Mato-Grossense. Evaldo foi orientado por Marx Leandro Naves Silva.
O pesquisador fez, na verdade, dois estudos independentes. “Em um deles procurei avaliar as inter-relações solo, regime de inundação e unidades de paisagens na sub-região da Nhecolândia, visando melhor entender o funcionamento do sistema, e assim subsidiar o manejo sustentável das pastagens nativas. No outro foram avaliadas as alterações nos atributos físicos, químicos e biológicos dos solos em sistemas de pastagem cultivada em substituição à floresta nativa e em pastagem nativa submetida ao sistema de pastejo contínuo”, disse. Segundo Evaldo, a partir da análise integrada dos atributos do solo foi possível gerar índices de qualidade do solo sob diferentes usos.
O estudo ganha projeção no momento em que cresce a preocupação com a conservação dos recursos naturais. “O equilíbrio entre aumento de produtividade e conservação ambiental deve ser compatibilizado por meio de tecnologias que promovam o desenvolvimento dos sistemas de produção e instrumentos que permitam monitorar a sua sustentabilidade”, disse o pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Durante a pesquisa, Evaldo comparou os solos sob floresta nativa e pastagem cultivada em substituição à mesma, e também sob pastagem nativa submetida ao sistema de pastejo contínuo e sem pastejo por 3 e 19 anos (Reserva Particular do Patrimônio Natural da fazenda Nhumirim).
O primeiro estudo constatou que os atributos químicos do solo, aliados ao regime de inundação, tem marcada influência na diferenciação das unidades de paisagem, com forte influência no potencial produtivo das pastagens. “A maior pressão de pastejo nas unidades de paisagem sujeitas a inundação ocasional e sazonal pode determinar leve tendência a maior degradação dos atributos físicos do solo (compactação do solo), quando comparados com as unidades livres de inundação, que são predominantemente arbóreas”, explicou o pesquisador.
Para ele, a ocorrência e extensão das unidades de paisagem são fatores fundamentais no estabelecimento das estratégias de manejo sustentáveis das pastagens nativas.
Em relação aos modelos de índices de qualidade do solo – o segundo estudo–, eles foram eficientes em refletir as alterações nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, promovidas pela substituição da floresta nativa por pastagem cultivada e pelo sistema de pastejo contínuo da pastagem nativa, o que os torna passíveis de adoção no monitoramento da sustentabilidade de sistema de pastagem.
“Estes índices permitem caracterizar uma situação atual, alertar para situações de risco e, por vezes, prever situações futuras. Podem ainda auxiliar na identificação do que está ocorrendo no sistema de manejo em curso, ou seja, se o manejo atual está contribuindo para aumentar ou diminuir a sustentabilidade do sistema de produção.”
Autor: MS Notícias