Algumas das tecnologias que estão fazendo o maior sucesso atualmente como grandes novidades, na verdade são bem mais antigas do que nós imaginávamos.
Muitas invenções e técnicas são criadas à frente do seu tempo, em ocasiões em que não há uma conjunção de fatores positivos que as sustentem no mercado, tais como viabilidade econômica, aceitação social e clima político favorável. No entanto, em alguns casos, essas tecnologias que num dado instante não emplacaram, anos mais tarde caem no gosto do povo e finalmente deslancham.
Eric Lundquist, do site “Smarter Technology” ( http://k6mng.tk ), fez um apanhado dessas tecnologias novas-velhas, das quais destacamos algumas.
Criptografia: começou a ser usada nos tempos na Roma Antiga, quando o imperador Júlio César usou um código para enviar mensagens em que cada letra era deslocada três posições no alfabeto. Ou seja, um “a” virava “d”, um “b” virava “e”, e assim por diante. Hoje, é praticamente impossível pensar em transações bancárias e comércio eletrônico sem o uso de criptografia.
Computação em nuvem: nos anos 1940 e 1950 diziam que o mundo só precisaria de meia dúzia de computadores e a turma riu desses oráculos. Hoje, se a Google e a Amazon continuarem crescendo no ritmo atual, só haverá espaço para mais umas poucas empresas no setor de nuvens computacionais. Com a gradativa migração de funções de processamento, saindo do computador pessoal e indo para o data center, teremos quase todos na nuvem, e a previsão de meio século atrás se cumprirá.
Tela sensível ao toque: já em 2001, a Microsoft lançava o Tablet PC, um computador acionado na tela por uma caneta. Bill Gates anunciou-o como algo que iria revolucionar a indústria. Não aconteceu naquele momento. Mas hoje, com a convergência, o que mais se vê é smartphone com touchscreen – e nem vamos falar no iPhone… Há também, em menor número, é claro, os grandes monitores LCD que também são comandados com toque na tela.
Energia fotovoltaica: uma das opções mais em voga como fonte de energia limpa é a solar. Mas a primeira célula solar foi fabricada em 1883 pelo inventor americano Charles Fritts, que revestiu o elemento semicondutor selênio com uma folha bem fina de ouro, explorando o efeito fotoelétrico, descrito em 1839. O dispositivo tinha baixíssima eficiência, apenas 1%, mas foi a prova de um conceito. Só agora, com muitos incentivos governamentais, motivados pela crise energética que vem se agravando, começaram a se tornar viáveis as soluções em energia solar.
Operações bancárias seguras já existem desde antes do sistema de crédito e pagamentos à distância da Ordem dos Templários, em que os cavaleiros tinham pelo caminho alguns pontos onde podiam sacar dinheiro apresentando credenciais secretas. O sistema enriqueceu tanto a Ordem que ela teve fundos para comprar a ilha de Chipre. Hoje, os bancários continuam enriquecendo, mas seus sistemas de segurança dependem de senhas, tokens de acesso e sistemas biométricos de proteção.
Carro elétrico: a invenção é bem antiga, atribuída a várias pessoas nos idos do século XIX. Em 1828, o húngaro Ányos Jedlik criou um pequeno veículo elétrico. Em 1834 um chaveiro americano de nome Thomas Davenport inventou o primeiro motor americano de corrente contínua, que usou para mover um veículo num trilho circular eletrizado. Nos tempos modernos, o carro elétrico só não emplacou antes pela poderosa pressão do lobby do petróleo.
Transporte público eficiente: a concepção atual de um sistema otimizado de transporte inclui muitos veículos em circulação em vias bem disciplinadas, com a capacidade de rapidamente ramificar a malha para além dos centros urbanos. Segundo essa filosofia, um dos meios de transporte mais adequado parece ser o bonde, tecnologia velhíssima.
Transporte pessoal não-poluente: quer viajar uns poucos quilômetros em uma engenhoca limpa e sem gastar um tostão? Pois bem, a solução cada vez mais em uso é um veículo que foi pela primeira vez usado para cumprir essa função em meados de 1885. Seu nome é… bicicleta.
Autor: O Globo