Um revestimento bactericida formado por nanopartículas de cerâmica e prata para aplicação em reservatórios de bebedouros e purificadores de água foi desenvolvido pela Nanox Tecnologia, com sede em São Carlos, no interior paulista.
A empresa, que conta com apoio do programa Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (PIPE) da FAPESP, desenvolveu a invenção em parceria com pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da fundação paulista.
A tecnologia consiste em uma resina aplicada internamente nos reservatórios de água, de modo a formar uma película que inibe a proliferação de bactérias e toxinas. O revestimento interno, formado por nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) e prata, penetra nas células dos microorganismos presentes na água para destruir suas funções vitais.
“O revestimento é aplicado nas cubas de aço inox que armazenam a água no interior dos bebedouros. A água nesses reservatórios fica imprópria para consumo depois de cerca de dois dias. Com a tecnologia, a grande vantagem é que a água pode ficar parada durante até dez dias na cuba sem perder qualidade”, disse Gustavo Simões, presidente da Nanox, à Agência FAPESP.
“No bebedouro, a água encanada passa por filtros onde é totalmente limpa e purificada. O problema é que o contato humano com as torneiras externas acaba produzindo bactérias no reservatório interno do equipamento, que é úmido e escuro – o ambiente ideal para esses microorganismos se reproduzirem e proliferarem”, explica.
Segundo ele, se não houver nenhum tipo de abrasão – ou uma raspagem vigorosa com palha de aço –, o revestimento nanobactericida na cuba interna tem a mesma vida útil do próprio bebedouro.
“A tecnologia não tem seletividade e elimina qualquer tipo de bactéria por meio de pequenos choques que ocorrem na própria cuba, em cuja superfície vivem 99% das bactérias, já que é onde elas conseguem se alimentar”, aponta.
Criada em janeiro de 2005, a empresa, especializada no desenvolvimento de materiais inteligentes por meio da síntese de óxidos e metais nanoestruturados, foi formada por três pesquisadores do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC), vinculado ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP).
“As tecnologia da empresa vêm sendo desenvolvidas com base em um tripé que une a capacidade empreendedora da Nanox, os recursos de fomento de instituições como a FAPESP e a parceria estabelecida ao longo desses anos com a Unesp”, aponta Gustavo Simões.
As tecnologias de revestimento da Nanox Tecnologia, que recebeu o prêmio Inovação Tecnológica da Finep em 2007 na categoria Pequena Empresa, também podem ser aplicadas em vidros, metais, cerâmicas e plásticos que necessitam ficar livres de microorganismos prejudiciais à saúde.
Autor: Agência FAPESP