Os municípios da região metropolitana da Baixada Santista aceleram o diálogo sobre a organização da infraestrutura local, pois a resolução desses gargalos naquelas cidades se torna mais urgente com a chegada da Petrobras, com as operações do pré-sal, além da implementação do plano de expansão no Porto de Santos. A estimativa é de que sejam injetados R$ 20 bilhões nos próximos quatro anos, não só nos projetos ligados à área de exploração de petróleo e gás e no porto, mas também em obras voltadas para a mobilidade urbana e logística, para aeroportos e para saneamento.
Para que os municípios do polo metropolitano -Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá, Mongaguá, Itanhaém, Praia Grande Peruíbe e Bertioga- possam aproveitar as oportunidades de desenvolvimento e de negócios tanto do setor público quanto do privado, empresários, associações e o governo delineiam o futuro de acordo com a nova realidade e cobram pleitos antigos, como a ligação, por túnel ou ponte, entre Santos e Guarujá, em discussão há pelo menos 60 anos. Para este caso, o governo estadual tem em curso um estudo da construção de uma ponte estaiada. “Começamos a analisar o projeto e logo teremos respostas. O governo vai encontrar saídas para a futura ponte”, comentou Mauro Arce, secretário de estado dos Transportes.
Ainda que algumas soluções estejam apenas nos planos, outras prosseguem em fase de viabilização, como no caso do Sistema Integrado Metropolitano da Baixada Santista (SIM), um projeto de veículo leve sobre trilhos (VLT), que em sua primeira fase de implantação deve consumir perto de R$ 298 milhões.
“O modelo financeiro dessa PPP [parceria público-privada] está em conclusão, mas estimamos que o edital de licitação saia por volta de fevereiro de 2010”, contou Júlio de Freitas Gonçalves, diretor presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), ao explicar que será feita uma concorrência pública por meio de consórcios.
O projeto do VLT da Baixada vai ligar, em sua primeira etapa, as cidades de São Vicente e Santos, e, segundo Freitas, a intenção é de que as obras se iniciem em 2010.
Na área de saneamento, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) planeja gastar pouco mais de R$ 1,6 bilhão em projetos de abastecimento de água e tratamento de esgoto. “O programa Onda Limpa deve elevar a coleta de esgoto de 54% para 95%, na região que vai de Bertioga a Peruíbe”, explicou Luiz Salvador Lorenzi, superintendente de Tratamento de Esgotos da Sabesp.
Até 2011, estão nos planos não só esgotar a coleta, mas também elevar para 100% o sistema de tratamento de água que, de acordo com cálculos da Sabesp, beneficiará 2,95 milhões de pessoas (incluindo a população flutuante).
Negócios
Mesmo que o desenvolvimento repentino exija respostas rápidas aos gargalos da região, o novo cenário também pode gerar bons negócios às empresas. Para dar uma ideia, na Bacia de Santos a Petrobras investirá cerca de US$ 40 bilhões até 2013, e suas atividades devem fomentar oportunidades no mercado local, como, por exemplo, a futura instalação de três torres comerciais em uma região santista conhecida como Valongo, para abrigar uma sede da empresa e aproximadamente seis mil funcionários. A empreitada deve gerar uma concorrência pública para erguer os prédios nos próximos anos.
“O programa vem aí, temos de nos preparar porque é preciso o envolvimento de todos”, comentou Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix, que acrescentou que as empresas de engenharia e construção terão um papel fundamental no desenvolvimento da região. Ele fez essas afirmações no 9º Encontro Anual do Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco-SP), em Santos, que se concentrou nas discussões sobre o futuro da infraestrutura na Baixada Santista.
Entre as questões dessa região que requerem saída também está a melhoria da estrutura aeroportuária. Na Baixada há três aeroportos de porte menor, como o de Guarujá, localizado em área militar, mas que futuramente poderá também abrigar operações civis, o de Itanhaém e um terceiro na Praia Grande.
Em Itanhaém, por exemplo, há planos de aumentar o local de 1,85 mil metros quadrados para 2,45 mil metros. A unidade é administrada pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp). Por lá, a Petrobras já utiliza as pistas para parte das operações de pouso e decolagem dos helicópteros que levam os funcionários da empresa ao seu local de atividade.
Há mais pleitos em discussão na Baixada , como melhorias de acessos rodoviários e ferroviáros, além da área de habitação e urbanismo. A ideia é propiciar o desenvolvimento planejado para dar conta da demanda que está por vir.
Autor: DCI