Antaq e armadores querem estimular a cabotagem

Nos últimos anos, com a privatização de terminais de contêineres, a cabotagem reviveu. Isso coincidiu com a humilhante retirada da navegação brasileira do comércio internacional. Nas décadas de 70 e 80, o Brasil chegou a transportar 40% das cargas de seu comércio. Hoje, a participação é próxima de zero. 

Com custos mais altos, os navios brasileiros deixaram o longo curso e se refugiaram na cabotagem, onde reinam porque gozam de proteção legal. No entanto, os empresários sabem que precisam ser eficientes, seja para crescer na cabotagem ou pensar em voltar, um dia, aos portos do mundo. O presidente da Transpetro, Sergio Machado, costuma lembrar que não existe potência sem navios: os países responsáveis por 33% do comércio mundial controlam metade da frota do planeta. O presidente do Sindicato dos Armadores (Syndarma), Hugo Figueiredo, esclarece:

– Nossa estratégia é manter nossa posição e crescer na cabotagem. Em seguida, após resolver problemas de custo da bandeira brasileira, temos de voltar a frequentar os mares do mundo.

O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Murillo Barbosa, concorda plenamente com a Transpetro e o Syndarma. Afirma Barbosa:

– Há alguns anos, foi criado o Registro Especial Brasileiro, o REB, para permitir competitividade internacional, mas o projeto não vingou. Temos de aperfeiçoar o REB, para fortalecer a cabotagem e depois propiciar aos brasileiros voltar a lutar mundo afora. O Brasil não vai pretender ser uma potência que depende dos navios de terceiros.

Nesse espírito – de se preservar a cabotagem e pensar na volta ao exterior – Antaq e Syndarma promovem, a partir desta quarta-feira, em Brasília, o 1º Seminário sobre o Desenvolvimento da Cabotagem Brasileira. Em raras ocasiões governo e iniciativa privada se uniram para um debate comum. De acordo com Hugo Figueiredo, tanto o custo de construção no Brasil como o custo de operação são mais caros do que no exterior.

– Um navio é um bem que dura 25 anos. Sem competitividade, não se pode manter um navio no confronto com os estrangeiros por tanto tempo – explica Hugo.

Eduardo Bastos, diretor da V. Ships Brasil, irá comparar, no evento, os custos de brasileiros com estrangeiros. A V. Ships é a maior operadora mundial de navios e, portanto, tem condições de fazer uma análise séria.

Autor: Monitor Mercantil