Dois anos depois de ter firmado com o Ministério Público do Estado um termo de ajustamento de conduta (TAC) para recuperar 58 pontes e viadutos da capital em mau estado de conservação – o acordo completa 24 meses no próximo dia 31 -, a Prefeitura de São Paulo conseguiu concluir sete das obras previstas. Dessas, duas – as reformas dos Viadutos Conselheiro Carrão e Engenheiro Alberto Badra – tinham contratos se arrastando desde 2002.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras promete dar um impulso às reformas a partir desta semana, quando deve ser anunciado um pacotão de recuperação e manutenção, que vai prolongar a vida útil dos viadutos “em pelo menos mais 50 anos”, segundo o secretário adjunto da pasta, Marcos Penido. Ele não adiantou o número de obras atendidas, que deve ficar em torno de 20 a 30, numa primeira fase. “Hoje, os viadutos e pontes são submetidos a esforços próximos ao limite”, diz Penido. Haverá interdições, até nas Marginais. “Por isso, não podemos trabalhar em todos os viadutos ao mesmo tempo”, diz.
Praticamente sem manutenção preventiva desde as décadas de 1950 e 1960, quando a maioria foi erguida, as pontes e os viadutos sofrem com o aumento do trânsito, com o peso cada vez maior dos caminhões modernos e com a exposição ao tempo. Há cerca de 200 estruturas do tipo na cidade, a maioria com placas de concreto se soltando, juntas de dilatação esfaceladas, apoios dos pilares danificados, estrutura enferrujada ou exposta às chuvas e buracos nas pistas. Todo patrimônio vale aproximadamente R$ 8 bilhões.
“As consequências mais visíveis (do desgaste) são o desplacamento (desprendimento de partes de concreto) e também o trincamento das estruturas”, afirma o engenheiro João Alberto Manaus Corrêa, presidente do Sindicato das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco). As placas, desprendidas, podem atingir pedestres e veículos. “Tudo isso tem prazo de validade e precisa ser sistematicamente verificado, o que infelizmente não ocorreu.”
O secretário garante que as estruturas, hoje, não apresentam riscos. Pequenos problemas, mas com grandes consequências para o trânsito, no entanto, são inevitáveis. Há duas semanas, um buraco se abriu em uma das juntas de dilatação do Cebolão (zona norte), causando mais de 10 km de lentidão.
Balanço – Estão na espera para ser realizadas 40 obras que fazem parte do TAC – algumas se referem a diferentes fases de recuperação do mesmo viaduto. Outras oito estão em andamento – algumas, como a recuperação do Elevado do Glicério, no centro, com contratos assinados há sete anos e ainda não finalizados. Três obras estão suspensas por irregularidades nas licitações. Oito das concorrências chegaram a ser abertas desde 2007. Mas ou não apareceram interessados ou os contratos foram cancelados por irregularidades cometidas pelas empreiteiras, como o descumprimento de prazos.
Motoristas e pedestres também reclamam. “Isso está um perigo, pode matar uma pessoa”, diz a auxiliar de contas Patrícia Medeiros, que passava embaixo do Viaduto General Olímpio da Silveira, na zona oeste – e que ainda não foi reformado. O viaduto tem buracos na parte inferior e parte do concreto está se desprendendo. A situação se repete em diversas pontes na Marginal do Tietê.
Autor: NTC Logística