As distribuidoras de aço planejam aumentar os preços dos produtos entre 8% e 10% em setembro, depois de um longo período de queda das cotações. “Agora está começando a se falar em aumento [no mercado interno] para o mês de setembro, mas em nível ainda baixo”, afirmou Christiano da Cunha Freire, proprietário da maior distribuidora independente do País, a Frefer.
Segundo Freire, os preços no mercado interno chegaram a cair cerca de 40% em média no período de crise.
“Eu não consigo ver o número de vendas crescendo. Elas estão patinando no mesmo patamar. Tenho 12 filiais e não consigo ver nenhuma virada no mercado”, avalia Freire.
“As cotações da Frefer também me mostram a mesma coisa, mantendo os mesmos níveis”, conclui o empresário, destacando que cotações significam o nível da demanda.
No primeiro semestre do ano, as distribuidoras comercializaram 1,5 milhão de toneladas, registrando queda de 22,9% em relação ao mesmo período de 2008, de acordo com levantamento do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).
Essa situação das distribuidoras contrasta com o otimismo das siderúrgicas, que estão religando alto-fornos apostando na retomada da demanda.
Sobre o aumento da produção das usinas siderúrgicas, Freire afirmou que existe uma aposta no aumento do consumo de aço por conta de setores que apresentam bom desempenho, como montadoras de veículos, por exemplo.
No entanto, a demanda por aço terá que corresponder ao otimismo para que o aumento de oferta não pressione, mais uma vez, os preços para baixo, lembra o executivo.
Achatamento das margens
O achatamento das margens da distribuição, por conta dos preços cada vez mais baixos no primeiro semestre, foi apontado pelo diretor da distribuidora Dova, Marcelo Bock, como o fator que gerou insegurança para a reposição de estoques na rede.
“O preço chegou a um preço mínimo. A credito que esse valor vai continuar baixo, mas não cairá mais e essa é a boa notícia”, ressaltou Bock.
“A demanda aumentou um pouco, mas a oferta continua sendo muito grande. Acredito que o aumento da produção seja em função de contratos de exportação”, disse o executivo do segmento, rechaçando a possibilidade do fato significar uma tendência de baixa de preço.
Ele lembrou, por outro lado, que a demanda na segunda metade do ano é historicamente mais alta do que a anotada no início do ano. “As margens continuam muito ruins, mas elas podem melhorar com a alta de preços”, afirmou.
Levantamento
As vendas da distribuição em junho se mantiveram praticamente estáveis, apresentando queda de apenas 0,3% ante maio, totalizando 277,2 mil toneladas.
Já as compras, apresentaram queda de 9% em relação ao mês anterior, totalizando 219,9 mil.
Em movimento para o término dos ajustes de estoques, o setor fechou junho com queda de 6,3% em relação ao mês anterior, totalizando 848,6 mil toneladas estocadas, segundo dados divulgados pelo Inda.
Autor: DCI