Um dos oceanógrafos e ambientalistas mais importantes do planeta, Jean-Michel Cousteau aconselhou as Autoridades Portuárias brasileiras a investirem em gestão ambiental nos portos nacionais durante a I Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, em Foz do Iguaçu (PR). Durante coletiva de imprensa, ele salientou à reportagem de PortoGente que investir no meio ambiente é a única forma de proporcionar prosperidade e longevidade aos negócios portuários e marítimos.
Filho do lendário Jacques Cousteau, que apresentou em forma de aventura as nuances da fauna e da flora mundial ao grande público, o ambientalista pediu que os tomadores de decisão se conscientizem da necessidade de reverter o processo de desgaste pelo qual passa o planeta. Os investimentos em meio ambiente, de acordo com o oceanógrafo, já não podem ser tidos apenas como prevenção, mas como necessidade para a sobrevivência da população global.
Cousteau lembrou que todo o globo está conectado pela mesma rede hídrica e que, com o aumento da temperatura média no mundo, o nível da água dos oceanos deverá subir em grande escala, certamente afetando a vida dos habitantes do planeta. Segundo ele, em no máximo 40 anos, caso o atual cenário não seja revertido, mais de um bilhão de pessoas terão que se mudar das zonas costeiras em todos os continentes devido à inundação que as águas do mar provocarão. “Nós estamos transformando os oceanos em lata de lixo. Portos vão sumir, aeroportos como os de Nice [na França] e de São Francisco [nos Estados Unidos] ficarão embaixo d’água. E em um futuro bem próximo, de 20 a 40 anos”.
Além de destruir toda a infraestrutura construída por meio de muito esforço, a elevação do nível das águas dos oceanos poderá acabar com ecossistemas inteiros e modificar a forma de vida dos seres humanos. As discussões atuais sobre a matriz de transporte brasileira e mundial em longo prazo podem ser desperdício de tempo, caso a população mundial não reaja à intensa degradação do meio ambiente. Para Cousteau, “ainda dá para lidar com isso, mas vai custar dinheiro, vai levar tempo e necessitar de muitas mentes criativas”.
Autor: Porto Gente