O tamanho do Porto de Santos

Qual o real tamanho do Porto de Santos? A resposta padrão ­ e óbvia ­ é: o maior complexo marítimo do Brasil. Mas não é tudo. Um estudo recém-concluído, e que será divulgado nesta semana, aponta que o cais santista é o único de abrangência nacional que registra movimentação de carga dos 14 vetores de atividade econômica do País e, ainda, é o principal porto para o escoamento dos bens de 16 dos 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. 

Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação federal ligada à Presidência da República, o estudo chamado Portos Brasileiros 2009: ranking, área de influência, porte e valor agregado médio dos produtos movimentados baseou-se em seis variáveis econômicas. São elas: área geográfica, porte do porto, participação do complexo no comércio internacional do Brasil, número de setores de atividade econômica atendidos, âmbito de atuação dos portos e valor agregado médio dos produtos transacionados. 

O resultado doconfronto destas variáveis, obtido com exclusividade por A Tribuna, ratifica por meio de dados o senso comum, ou seja, que Santos é de fato o maior porto nacional. Dos seis itens avaliados, apenas em um o complexo da Baixada Santista não apareceu na liderança. Ao todo, 34 portos foram analisados pelas equipes de pesquisa. 

Ao destrinchar o estudo, identifica-se que o Porto de Santos é fundamental para o comércio exterior de 16 estados. Isto significa que as unidades listadas formam a hinterlândia do Porto, a sua zona de influência. No último estudo, apresentado em 2006, também pelo Ipea, 11 estados dependiam do complexo para realizar suas transações. 

Cinco estados estão na hinterlândia primária do cais santista. Estão incluídos nesta categoria São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, porque mais de 10% do comércio internacional de cada um e mais de US$ 100 milhões foram escoados pelo Porto de Santos.
São Paulo, por exemplo, movimentou 82,9% do seu comércio internacional pelo complexo santista. 

Foram US$ 54,2 bilhões operados pelo Porto de Santos em 2007, ano utilizado para as análises.
Na hinterlândia secundária, a participação do Porto no comércio internacional por unidade é menor do que 10%, mas maior ou igual a US$ 100 milhões. Neste grupo, inserem-se sete estados: Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pernambuco. 

A última categoria, a terciária, abrange quatro estados: Roraima, Paraíba, Tocantins e Sergipe, todos com menos de 10% do seu comércio exterior movimentados por Santos e menos de US$ 100 milhõesoperados nos terminais. 

De acordo com o responsável pelo estudo, Carlos Alvares da Silva Campos Neto, apesar de 16 estados integrarem a hinterlândia do cais santista, a sua relevância para o País é ainda maior. Com exceção do Amapá, todas as unidades federativas exportaram ou importaram produtos pelos terminais do complexo.
“Esses dados destacam que Santos continua sendo o maior porto brasileiro, disparado. É também o único porto de abrangência nacional. Os outrossão de atendimento regional e a maioria, de local”, constatou o pesquisador. 

PIB 

A pesquisa do Ipea eviden- ciou que o Porto de Santos movimentou, no ano avaliado, 4,98% do Produto Interno Bruto (PIB). O índice é menor do que no estudo anterior, quando a base de análise era 2003. Naquela ocasião, Santos operou 6,3% do PIB. 

Mas a queda é irrelevante, afirmou Campos Neto. Isso porquehouve um crescimento do comércio exterior nacional como um todo, inclusive com dez portos nacionais ingressando no mercado externo. 

Outra mostra é a variação dos estados entre as três hinterlândias. Enquanto o Distrito Federal passou da categoria terciária para primária, chegando a 73% do seu comércio por Santos, na secundária foram inseridos Santa Catarina e Pernambuco. E, na hinterlândia terciária, Sergipe e Paraíba.

Autor: A Tribuna