São Paulo possui hoje cerca de 10,5 milhões de habitantes, sendo mais de 6 milhões de automotores, o que mostra uma alta taxa de motorização. É quase um veículo para, aproximadamente, dois habitantes. A ampliação do sistema viário está quase que impossível sem a desapropriação de áreas edificadas. A morosidade do trânsito nos horários de maior movimento ultrapassa os 120 km.
Ao definirmos um sistema de transporte público de passageiros, dois preceitos estratégicos devem ser atendidos, além daqueles voltados à qualidade pela prestação dos serviços, ou seja, a acessibilidade e a mobilidade. Os sistemas de transporte público que atendem o município de São Paulo garantem acessibilidade. Porém, a mobilidade está totalmente comprometida.
Os corredores de transporte coletivo visam dar mobilidade ao transporte por ônibus, garantindo a esse sistema prioridade no uso da via. Uma das questões que sempre surgem em relação a essa prioridade enfoca: se existem tantos carros por que dar prioridade ao ônibus? Ao verificarmos o nível de ocupação dos carros notamos que, em sua maioria, esses veículos transportam somente o condutor, enquanto que os ônibus nos horários de maior movimento chegam a transportar 85 passageiros ou mais.
Os corredores de ônibus permitem para aqueles que moram mais distantes do trabalho menor tempo de percurso e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida. Quando implantado e monitorado de forma adequada, este tipo de transporte pode vir a atrair os usuários do automóvel, pois, quando exclusivo, permite excelentes velocidades em comparação ao viário destinado ao tráfego geral.
Existem vários tipos de corredores de ônibus que, dependendo do modelo operacional a ser adotado, podem ter a capacidade de oferta de lugares próxima ao do Metrô, como é o caso do “Transmilenium”, implantado em Bogotá. Esses corredores exigem, além da área de circulação, espaço destinado a ultrapassagens, pois podem operar com linhas de destinos diferentes em um mesmo trecho. Dado que a cidade está totalmente tomada, mediante poucas áreas para expansão do viário, custos maiores de implantação poderão ser necessários.
Uma das questões importantes sobre a implantação dos corredores é se devem ser exclusivos ou prioritários. Entende-se que a prioridade seria a melhor opção, pois a grande movimentação de usuários que utilizam o transporte coletivo está na parte da manhã e no final da tarde. No entanto, o respeito à faixa prioritária é essencial. Qual será o custo de monitoramento para garantir a prioridade? Até que ponto os motoristas respeitariam esses limites? São questões que levam a pensar na necessidade da exclusividade.
São Paulo, neste momento, necessita urgentemente ampliar a malha de corredores de ônibus, além dos modais de maior capacidade, como o Metrô e os trens metropolitanos. A equação da mobilidade para a cidade de São Paulo passa, essencialmente, pela forte estruturação de seu sistema de transporte público de passageiro, em que os corredores de ônibus são peças fundamentais.
*Heitor Yoshiyuki Kawano é professor do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana)
Autor: *Heitor Yoshiyuki Kawano