Ruídos não podem mais vazar entre imóveis

Se necessário, as construtoras deverão usar materiais especiais entre a laje e o contrapiso. Elas têm até maio do ano que vem para se adequarem à nova norma.

A partir do ano que vem, as construtoras brasileiras terão que seguir uma nova norma de engenharia. O objetivo é diminuir os motivos de discórdia entre vizinhos, como mostra o repórter Ismar Madeira. Quando comprou o apartamento, o administrador de empresas Luiz Carlos Landim não imaginava o que teria que aguentar. “Todo som externo vem para dentro do apartamento”.

Os vizinhos de cima não sabiam, mas o simples acionamento da descarga ou mesmo o som de passos faziam muito barulho no apartamento debaixo. “O salto vinha me incomodando ao ponto de me acordar”, conta Luiz Carlos. E as brincadeiras do pequeno Erick? A bola, o banquinho da cozinha. Uma tortura para o vizinho, 15% acima do limite considerado confortável pelos especialistas. “Eu acho que o silêncio faz parte do seu bem-estar para você dormir, para você relaxar, mas você tem toda essa barulhada dentro de casa”, diz Luiz Carlos.

O problema pode estar onde o consumidor normalmente não consegue ver: na espessura da parede, no tipo de material usado. Tudo isso influencia no isolamento acústico. Uma nova norma brasileira de engenharia determina que não deve haver vazamento de ruídos entre as paredes dos cômodos de um imóvel e também entre os apartamentos e ainda que o piso deve atenuar os sons resultantes de impacto. “Vai ser feito o teste e ele pode exigir esse certificado antes de comprar. Falar assim: ‘Cadê o seu certificado de ruído? Tem? Se não tiver, eu não compro’”, orienta Marco Antônio Vecci, professor de Acústica da UFMG.

Se necessário, as construtoras deverão usar materiais especiais entre a laje e o contrapiso. A madeira provocou, no andar de baixo, um barulho 30% maior do que sobre um piso com o isolamento acústico. As construtoras têm até maio do ano que vem para se adequarem à nova norma. Em apartamentos já construídos, como o de Luiz, vale a regra da boa convivência, que o vizinho adotou.

“A gente mandou emborrachar o sapato, que era um solado de couro, a gente pôs um solado de borracha. A cadeira incomoda? A gente pôs um fundo de feltro. São coisas muito simples e muito baratas que não atrapalham a vida de ninguém. “E quando comprar um apartamento novo, com certeza vou levar isso muito em consideração”, disse o projetista Regis Hoffmann.

Autor: O Globo