Numa carreira geralmente dominada por homens, uma garota de 18 anos superou a todos num dos vestibulares mais concorridos do país e passou em primeiro lugar na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). No total, 12.343 candidatos disputaram as 800 vagas oferecidas no curso de engenharia.
A estudante Francine Grotto Arida, de 18 anos, conta que demorou para a sua “ficha cair” de que tinha passado na Fuvest. “Fiquei muito feliz na hora, saí gritando de felicidade.” Dias mais tarde, quando consultou o seu desempenho nas provas, ela diz que não entendeu o que queria dizer o número 1.
“Eu olhava para o computador no campo que mostrava a classificação e, logo de cara, não entendi o representava o número 1. Só quando fui ver a minha nota que entendi que tinha passado em primeiro.” Ela passou na área de engenharia civil e, depois, pretende cursar engenharia ambiental.
De um total de mil pontos possíveis na Fuvest, Francine fez 939,6 pontos. “É uma notona. Aí, então, percebi que o número 1 era de 1º lugar mesmo.”
Aprovada também em primeiro lugar no curso de engenharia da Unicamp e em quarto na Unesp, Francine optou pela USP.
“No dia da matrícula, levei o trote e foi muito divertido. Fiquei com o rosto todo pintado de tinta e ainda rolei na lama. O pessoal dizia que era uma coisa inédita uma menina loira e de olhos azuis passar em primeiro lugar na Poli. Fiquei muito feliz”, diz.
Prova gabaritada
Na primeira fase, ela diz ter gabaritado em português, inglês e física. “Em química errei uma, em geografia, duas. Das outras eu não me lembro”, diz. Ela acertou 79 das 90 questões da prova da primeira fase.
Moradora da cidade de Mauá, na Grande São Paulo, ela cursou o ensino médio em uma escola federal no bairro do Canindé, na Zona Norte da capital. “Foi uma escola mais forte do que as outras públicas, mas ainda assim foi preciso fazer um ano de cursinho para aprender tudo o que eu ainda não tinha visto.”
Por um ano e meio, ela conciliou a escola federal com um curso de gestão ambiental numa escola técnica estadual.
No final de 2007, quando terminou o ensino médio, ela prestou vestibular somente para a Fuvest, mas não passou. “Fiquei uns dez nomes atrás do último convocado na quarta e última lista”, relembra.
qual foi a receita de sucesso para passar e ainda em primeiro lugar? “Eu assistia às aulas de manhã e ficava à tarde estudando no cursinho e só voltava para casa no fim do dia”, conta Francine, que levava mais de uma hora de trem e de metrô de Mauá até o cursinho Etapa, na região central de São Paulo.
Nos finais de semana, ela pegava um pouco mais leve nas apostilas. “Eu ia ao cursinho no sábado de manhã para assistir às aulas de reforço e estudava uma coisa ou outra em casa depois.”
As baladas ficaram de lado em 2008. “Eu saía só de vez em quando. E quando via meus amigos, em geral, marcava alguma coisa durante a tarde porque eu acordava muito cedo no dia seguinte.”
Dedicação
“Eu acabei abrindo mão de muita coisa para estudar. Mas, se é o que você quer, você tem que se dedicar.” Outra dica dela é fazer os simulados do cursinho. “Os simulados me ajudaram muito a melhorar as notas nas disciplinas em que eu não ia muito bem.”
Na hora das provas, ela diz que conseguiu manter a calma. “Eu ficava bastante ansiosa antes dos exames, mas na hora tentava me concentrar ao máximo.” Francine que ficou até quase o último minuto resolvendo as provas.
“Todo tempo tem que ser aproveitado para revisar as respostas e tentar solucionar alguma questão que ficou faltando”, aconselha.
Agora, a caloura de engenharia está pensando em se mudar para a casa da irmã, Pauline, na Zona Norte de São Paulo. “Assim, vai ficar mais fácil de chegar à universidade.”
Autor: G1