As vendas de produtos siderúrgicos na primeira semana de janeiro surpreenderam as distribuidoras de aço. De acordo com Christiano Freire da Cunha, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), as consultas e o fechamento de negócios foram acima do esperado. “Em dezembro, com o mercado estagnado, fizemos uma previsão completamente pessimista de vendas de 167 mil toneladas em janeiro, uma queda de quase 50% em relação a janeiro de 2008”, disse.
A movimentação deste início do ano, tornou o executivo mais otimista. “Se continuar assim, podemos fechar o mês com 270 mil toneladas, como previmos inicialmente”. Ainda assim, o volume é 30% menor que o negociado em janeiro do ano passado. O executivo alertou que é cedo para saber se os negócios já fechados indicam uma retomada da produção industrial ou simplesmente reposição de estoque.”Dezembro foi irracional, a indústria parou de comprar para fazer caixa”, justificou.
Segundo dados preliminares do Inda, as vendas de aço somaram 232 mil toneladas em dezembro, o que representa queda de 36% ante o comercializado no mesmo mês de 2007. As distribuidoras de aço vendem principalmente aços planos para autopeças e fabricantes de máquinas. Em 2008, as empresas do segmento comercializaram 3,73 milhões de toneladas, alta de 15% ante o ano anterior.
Preços em queda
A queda das vendas já levou a ArcelorMittal Tubarão a reduzir os preços de seus produtos planos. A empresa não confirma a informação, mas segundo as distribuidoras, a redução deve acontecer a partir da semana que vem. A Usiminas informou que não deve realizar reduções por enquanto e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) não quis se pronunciar a respeito.
O movimento de queda de preços das siderúrgicas já vem acontecendo no mercado internacional desde o segundo semestre do ano passado. Segundo Freire, a queda não deve chegar, neste primeiro momento, aos clientes das distribuidoras, já que essas empresas desde novembro reduziram as margens com descontos de até 10% no valor do aço vendido. “Esperávamos que uma redução no preço só seria feita entre fevereiro e março, depois que as siderúrgicas avaliassem o movimento do início do ano. ”
Minério de ferro
As siderúrgicas chinesas, que já reduziram o preço de seus produtos, buscam agora renegociar o custo da matéria-prima. A Baosteel Group Corp., a maior siderúrgica da China e que representa as concorrentes conterrâneas nas negociações de preço com as mineradoras, iniciou ontem conversações com o Rio Tinto Group para firmar contratos anuais de fornecimento de minério de ferro, conforme informaram executivos das empresas.
As companhias conversaram sobre as perspectivas para a economia e para o setor em uma reunião em Xangai, disse um dos executivos, que pediu para não ter seu nome divulgado porque as negociações são confidenciais. As discussões com a brasileira Companhia Vale do Rio Doce e com a BHP Billiton começarão em breve, disse o outro executivo. A expectativa das empresas é de que obtenham redução de até 40% nos preços.
Seria o primeiro corte dos últimos sete anos. A China vai pedir “um grande recuo dos preços do minério de ferro”, disse Shan Shanghua, secretário-geral da Associação Chinesa de Ferro e Aço, no mês passado. As usinas também estão pedindo que os novos preços dos contratos de fornecimento anuais entrem em vigor retroativamente, a partir de 1 de janeiro, em vez de passarem a valer a 1 de abril, disse Shan ontem na entrevista. Os preços, que deram um salto de até 97% no ano passado, deveriam, além disso, ser reavaliados com mais regularidade, disse ele em dezembro.
Autor: Gazeta Mercantil