RIO – Acesso à internet em qualquer lugar onde haja iluminação artifical, com mais segurança e menor gasto de energia. Esse é o objetivo de uma pesquisa anunciada nesta terça-feira pela Universidade de Boston, que terá financiamento de US$ 18,5 milhões da National Science Foundation dos EUA em 10 anos. A idéia é que a luz emitida por lâmpadas LED substitua as ondas de rádio como forma de transmissão de internet sem-fio.
Os pesquisadores querem criar o que eles chamam de “Smart Lighting”, adicionando a capacidade de transmitir de dados aos LEDs, que garantem melhor iluminação e têm maior vida útil que as lâmpadas utilizadas atualmente, além de gastar menos energia.
– Essa é uma oportunidade única de criar uma tecnologia que não só garante iluminação mais eficiente como também traz a próxima geração de comunicação sem-fio mais segura – disse o professor Thomas Little que lidera a equipe da Universidade de Boston.
” Imagine se o seu computador, iPhone, TV, rádio ou termostato pudessem se comunicar quando você ligasse a luz em uma sala? ”
O professor Little diz que os LEDs vão substituir as lâmpadas fluorescentes e incandescentes nos próximos 10 ou 15 anos por conta da sua maior eficiência e durabilidade.
– Conforme fizermos a transição da iluminação incandescente e fluorescente para as LEDs poderemos simultaneamente construir uma infraestrutura de comunicação mais rápida e segura com um custo modesto e novas e inimagináveis aplicações.
As lâmpadas LED podem ser utilizadas para transmitir dados e iluminar ao mesmo tempo graças a sua capacidade de “piscar” tão rapidamente que o olho humano não percebe a mudança, segundo os responsáveis pelo estudo.
– Imagine se o seu computador, iPhone, TV, rádio ou termostato pudessem se comunicar quando você ligasse a luz em uma sala? E sem a quantidade de fios necessária hoje em dia – explica Little.
O Rensselaer Polytechnic Institute (RPI) e a Universidade do Novo México também participarão do projeto, criando aplicativos e sistemas para entender melhor a proliferação da “luz inteligente”, além de materiais necessários para que os aparelhos sem-fio conversem com a rede.
A Universidade de Boston vai se focar no desenvolvimento de aplicativos para redes, especialmente a tecnologia óptica que formará o backbone da rede.
Little diz que um aparelho wireless na área de alcance de uma lâmpada poderia receber e transmitir dados a uma velocidade de 1 a 10 megabits por segundo, com cada LED servindo como um ponto de acesso à rede.
Uma rede criada dessa forma, segundo os pesquisadores, teria potencial de oferecer mais banda do que a atual tecnologia de rádio, em que um usuário que faz um download maior pode sobrecarregar o sistema. Com a transmissão pela luz a equipe da Universidade de Boston crê que cada pessoa em um avião, por exemplo, poderá baixar simultaneamente um filme de alta-definição para seu laptop sem interferências ou lentidão.
Além disso, como a luz branca não ultrapassa superfícies opacas como paredes, o nível de segurança é maior. E LEDs gastam menos energia que a atual tecnologia de rádio. Outras aplicações para a tecnologia também serão estudadas.
– Luzes de freio já usam lâmpadas LED, então um automóvel poderia ter um sensor que detecta quando os freios do carro à frente são acionados e alerta o motorista desatento ou mesmo diminui a velocidade do carro.
Segundo o FAQ da Universidade, lâmpadas LED custam hoje de US$ 15 a US$ 90, com vida útil de 30 mil a 50 mil horas. Enquanto isso, lâmpadas fluorescentes custam US$ 2 para uma vida útil de 5 mil horas e as incandescentes US$ 1 para mil horas de uso.
Os preços das LEDs, no entanto, devem cair com o aumento da produção e desenvolvimento de tecnologia. Além disso, as LEDs produzem menos calor (economizando em ar-condicionado), são mais resistentes e não contêm mercúrio. A economia estimada para 10 anos com a mudança mundial de sistema de iluminação é de US$ 18 trilhões.
Autor: O Globo