As indústrias de couro do Rio Grande do Sul querem transformar os resíduos da sua produção industrial em fertilizantes orgânicos. Para isso a empresa italiana Ilsa SPA está investindo na instalação de uma unidade de transformação no município de Portão, região do Vale dos Sinos, com capacidade para processar 40 mil toneladas por ano, suficiente para transformar em fertilizantes 100% dos resíduos sólidos cromados produzidos no estado. O valor do empreendimento não foi divulgado pelo grupo.
O início das atividades da primeira unidade da empresa no Brasil está previsto para o primeiro trimestre de 2009. A matriz italiana mantém contratos de exportação com 27 países, entre eles Alemanha e Espanha.
De acordo com o vice-presidente de matéria-prima da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul), Leogenio Alban, a tecnologia baseada em hidrólise térmica utilizada pelo grupo italiano é inédita no Brasil e não necessita de nenhum outro tipo de aditivo, transformando o resíduo de couro em fertilizante orgânico. “A gente conta com a consciência das empresas que geram resíduo, para que a partir dessa iniciativa, ao invés de enterrarem os resíduos passem a contratar esse serviço livrando-se de um passivo ambiental”, disse Alban. O fertilizante produzido a partir de resíduo de couro já vem sendo utilizado na Europa, principalmente, para a cultura de arroz irrigado em razão do seu poder de liberação lenta do nitrogênio.
Atualmente o País, que já é dependente de importação de fertilizantes, passa por um período ainda mais preocupante na produção dos nitrogenados em razão da falha no fornecimento de gás natural da Bolívia, matéria-prima necessária para a sua fabricação.
Essa semana uma missão organizada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) está na Itália para conhecer a tecnologia e a legislação européia em relação a resíduos do couro. A expectativa é a de superar uma dificuldade legal para a implantação desta tecnologia no País já que aqui o cromo é definido de forma genérica como nocivo ao meio ambiente. “No Brasil, a legislação para produtos orgânicos não está completa. Em função desse entrave inicialmente o produto vai ser 100% exportado”, ressaltou Alban. O vice-presidente da AICSul disse ainda que após a missão serão estudadas as adequações necessárias para o produto ser consumido também no Brasil. Amanhã a missão visita a Associação das Indústrias de Fertilizantes da Itália.
Autor: DCI