As usinas que produzem energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar vão receber R$ 747,17 milhões anualmente pela energia que venderam ontem no primeiro leilão de reserva, realizado pelo governo federal.
Foi um retorno considerável para os investimentos que serão feitos pelas usinas para produzir essa energia à base de biomassa.
O preço médio ficou em R$ 155,65 o MW/h e algumas empresas chegaram a vender em patamares acima do preço de referência de R$ 157,00. O leilão também acabou por estabelecer um patamar de preço para o mercado livre de energia.
É no mercado livre que está a grande aposta do setor. Ontem, foram garantidos no leilão o fornecimento de 548 MW médios, por ano, mas a capacidade instalada dos empreendimentos é quatro vezes maior, de 2.379 MW.
Boa parte dessa diferença vai para o mercado livre. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermmann, disse que a expectativa é de que, a partir do momento que a usina entre em operação, a energia excedente seja vendida livremente.
Para o consumidor será repassado uma parte do custo. Da média de R$ 155,65 que as usinas receberão, R$ 60,86 será rateado nas tarifas de energia.
Isso vai acontecer porque esse leilão serviu para colocar energia extra no sistema elétrico, dando mais garantia do fornecimento e ajudando a reduzir a operação das termelétricas, que geram uma energia mais cara, para suprir o mercado.
E essa energia de reserva começa a entrar gradualmente no sistema a partir do ano que vem e em 2012 atinge o máximo dos 548 MW médios. Já em 2010 o volume será de 325 MW médios. Todos os contratos duram por 15 anos.
O leilão atraiu até mesmo geradoras de energia hidrelétrica. A Tractebel Energia participou associada ao Açúcar Guarani.
O presidente da geradora, Manoel Zaroni Torres, diz que a empresa já procura novos parceiros para produzir mais dos que os 33 MW de capacidade que tem com a Guarani. “O leilão foi bem-sucedido e os preços ficaram dentro de nossas expectativas”, disse Jacyr Costa, presidente da Açúcar Guarani, do grupo francês Tereos.
Juntos no Consórcio Andrade, as duas empresas venderam 20 MW médios a R$ 158,11 o MW/h e vão faturar quase R$ 30 milhões por ano, já a partir de 2010. O investimento total no projeto é de R$ 120 milhões.
Algumas empresas conseguiram preços melhores em função de vários fatores considerados pela Aneel, entre eles, investimento.
Já o grupo Cosan, que tinha dado garantia para sete usinas participarem do leilão, negociou energia de apenas três unidades.
“O primeiro passo foi dado. Temos interesse em negociar energia, mas isso vai depender dos preços”, disse Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo. O grupo Brenco comercializou ontem R$ 2,058 milhões e a energia será produzida nas quatro primeiras unidades da Brenco, que estão em sendo construídas em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
“Atendeu às nossas expectativas. Vendemos 108 MW de um projeto de 600 MW”, disse Rogério Manso, vice-presidente da Brenco. Muitas usinas do Centro-Oeste participaram do leilão em função das boas condições, como o fato de não terem que investir nas linhas de transmissão. O pagamento será feito ao longo do contrato.
Autor: Valor Econômico