A maior plataforma fixa de petróleo e gás do Brasil – com altura equivalente a um prédio de 70 andares – está em fase de conclusão e chama a atenção de quem atravessa a ponte Rio-Niterói. A unidade está sendo construída nos três canteiros de obras do estaleiro Mauá, em Niterói, e mesmo deitada, como está sendo armada, ultrapassa a altura da ponte naquele local. De pé, como será instalada no campo, terá 230 metros de altura, quase três vezes o tamanho do edifício sede da Petrobrás no Rio, que tem 24 andares.
Prevista para operar nos primeiros três meses de 2009, a plataforma PMXL-1 será destinada ao campo de Mexilhão, localizado na região produtora de gás da Bacia de Santos, litoral norte do Estado de São Paulo. Somente a plataforma teve custo estimado em US$ 1,19 bilhão, mas a infra-estrutura para sua instalação – considerando os dutos que ligarão a unidade à costa e também a outros campos – deve chegar a US$ 3 bilhões. A Petrobrás aproveitou a visibilidade da obra para transformar a estrutura em outdoor, onde se lê: “Plataforma de Mexilhão: mais gás para o Brasil”.
Além da produção de 15 milhões de metros cúbicos diários, a estrutura deve receber 8 milhões de metros cúbicos de gás produzidos nos campos vizinhos de Tambaú e Uruguá, mais 3 milhões provenientes do teste de longa duração de Tupi e ainda pode dar uma “carona” aos campos de Pirapitanga, Tambuatá e Carapiá, descobertos em 2006, na antiga área do BS-500, mas que não entrarão em operação antes de 2011.
A conclusão da primeira fase, em outubro, não será uma boa notícia para cerca de 4 mil trabalhadores contratados para a obra. Ao menos metade deles deverá ficar desempregada após o término. O estaleiro Mauá não tem novas encomendas de grande porte para remanejar todos os trabalhadores.
Simultaneamente ao fim da construção, circulam nos bastidores informações de que a Petrobrás poderia excluir o Mauá de todas as futuras licitações pelos próximos dois anos. A eventual punição se deve a uma pendência judicial. Estão sendo apuradas suspeitas, envolvendo o estaleiro, de superfaturamento de uma obra de manutenção de plataforma.
O caso surgiu durante a operação “Águas Profundas”, da Polícia Federal, em 2007. Se ocorrer, a suspensão será uma medida inédita da Petrobrás e pode significar o fechamento do estaleiro, avaliam fontes do setor. Nem Petrobrás nem a administração do estaleiro comentam o assunto.
As dificuldades para a construção da plataforma incluíram a contratação, no exterior, de uma barcaça específica que ficará responsável por transportá-la até o destino. Como só existe uma deste porte no mundo, o início da produção no campo de Mexilhão teve de ser adiado em ao menos um ano, para o primeiro trimestre de 2009, data em que a embarcação estará disponível para operar no Brasil.
Autor: Agência Estado