O Brasil precisa de energia nuclear no longo prazo porque não terá hidrelétricas suficientes para garantir o abastecimento dentro de 20, 25 anos, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, que integra o recém-formado comitê para traçar o planejamento do setor.
“No horizonte dos próximos 20 anos a nuclear não é central, mas a partir daí vai ser, porque (o país) não terá hidrelétricas suficientes, aí a nuclear passa a ser interessante”, explicou o executivo.
Ele confirmou estimativas do governo de iniciar em setembro a construção da usina nuclear Angra 3, com capacidade para gerar 1.350 megawatts, no Rio de Janeiro, “se a licença de instalação sair em 30 de agosto, como está previsto”, ressaltou. A obra levará 5 anos e meio para ser concluída.
“Fora isso, temos um cenário para mais quatro unidades até 2030, cuja capacidade será discutida pelo comitê”, informou. Inicialmente, essas unidades teriam 1 mil megawatts cada.
Tolmasquim ressaltou que a geração de engenheiros e outros profissionais da área que participaram no programa nuclear brasileiro na década de 1980 está se aposentando e é preciso formar pessoal para os futuros empreendimentos.
“A retomada paulatina é importante para manter a capacidade técnica no país, não se faz isso de uma hora para outra”, explicou.
Ele disse ainda que o grupo criado para reestruturar o programa nuclear brasileiro – que reúne ministérios de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, entre outros – vai estudar também a aplicação nuclear nas áreas médica e agrícola.
“Temos a sexta reserva de urânio do mundo e poucos países exportam urânio, temos que estudar a melhor maneira de desenvolver esse setor”, disse o executivo.
O comitê também vai planejar onde serão construídos os depósitos para enterrar os resíduos do urânio utilizado na atividade nuclear, principal ponto de atrito com os ambientalistas.
“Ainda não temos o local, mas vamos ter”, afirmou Tolmasquim.
Autor: Estadão Online