A Toyota decidiu construir no Estado de São Paulo seu novo complexo industrial no país, investimento de US$ 1 bilhão que envolverá uma linha de produção de automóveis pequenos e uma fábrica de motores. O anúncio oficial deverá ser feito no segundo semestre, com a presença do presidente mundial da companhia, Katsuaki Watanabe.
A nova fábrica foi projetada para produzir a partir de 2010 cerca de 200 mil veículos por ano, volume equivalente aos do Gol, Palio ou Celta. O Valor apurou que a direção da companhia está na fase final da escolha dos municípios onde serão instaladas as unidades.
A opção pelo Estado de São Paulo coloca fim às expectativas de muitos governos estaduais que foram visitados nos últimos meses por representantes da direção local e mundial da empresa. No Paraná, eles demonstraram muito interesse por São José dos Pinhais. Mas a logística pesou na decisão. A Toyota já tem uma fábrica, que produz a linha Corolla, em Indaiatuba, no interior paulista. Essa área não comporta uma estrutura tão grande como a que está sendo projetada, pois o terreno é muito inclinado, segundo comentam executivos da empresa.
Além disso, grande parte da indústria de autopeças está no interior do Estado. Algumas dessas empresas já têm sido visitadas por representantes da montadora para homologar peças de indústrias com potencial para se tornarem fornecedoras dos grandes fabricantes de componentes que a Toyota pretende trazer do Japão.
A questão logística tem se mostrado muito importante numa indústria que depende de entregas no sistema “just-in-time” em um país com graves problemas de infra-estrutura. A Ford, por exemplo, embora não confirme abertamente, enfrenta problemas na fábrica de Camaçari (BA) e vem protelando ampliações nessa unidade. A principal dificuldade é convencer fornecedores de componentes a investir em fábricas nessa região da Bahia.
Com o projeto paulista, diferentemente de outros fabricantes instalados no país na última década, a Toyota vai ousar invadir o segmento de mercado no qual as montadoras antigas são soberanas, o dos carros populares. Vai concorrer com gigantes como Volkswagen e General Motors, os mesmos que enfrenta lá fora.
Autor: Valor Econômico