Avanços da Engenharia na Argentina é foco de palestra

A Divisão de Estrutura do Instituto de Engenharia, em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), promoveu, no dia 12 de junho, a palestra A Engenharia estrutural na Argentina, cujo expositor foi o engenheiro Eduardo Couto, presidente da Asociación de Ingenieros Estructurales (AIE). Compuseram a mesa principal: Natan Levental, coordenador da Divisão, e José Roberto Braguim, presidente da Abece. 

Ao discursar, Braguim disse estar satisfeito com a parceria firmada entre a associação da qual é dirigente e o Instituto de Engenharia. “Esperamos conduzir uma seqüência de atividades com esta importante entidade”. A instituição também firmou convênio com a AIE, com o intuito de criar em, no máximo seis anos, a Confederação Sul-americana de Engenharia Estrutural para o Cone Sul, capaz de ser comparada às grandes entidades internacionais. 

A história da Engenharia Estrutural na Argentina tem início na década de 30, quando imigrantes europeus chegaram ao país e iniciaram a construção de edifícios. Utilizando suas bibliografias e normas, foram desenvolvidas as primeiras regras para o concreto armado. 

Ao longo dos anos, houve a necessidade da criação de mais ferramentas para desenvolver atividades, como leis e normas, para obras públicas e privadas. Na década de 60, a difusão no mundo do dimensionamento do concreto em ruptura, defendido pelos alemães estava defasado. Neste momento, o concreto armado teve sua primeira tese, redigida pelos argentinos, que, apesar de não ser aprovada como regulamento, foi muito bem aceita pala comunidade científica. “Nas estruturas metálicas, até pouco tempo atrás, se utilizava a lei de 1955”, comentou Couto. 

Tremor 

Dois terços do território Argentino sofrem abalos sísmicos, obrigando a existência de regras rígidas para as construções. Em 1970, o Instituto Nacional de Prevenção Sísmica foi criado, para ajudar à construção de edificações, de maneira a suportarem terremotos. “Isso foi um avanço significativo”, desabafou Couto. 

Segundo ele, até 1975, os cálculos eram realizados com contensões possíveis, desde então, passou-se a trabalhar com tensões limítrofes, rapidamente adaptadas ao meio. 

Em 1979 e 1983, mais normas e regulamentos foram elaborados, sendo que a de 86 era a mais completa, com 26 publicações, levando-se em conta a tecnologia americana. Entre 95 e 98, houve reconversão estrutural, para formular documento que fosse aceito pela comunidade. “Mas este ainda não foi aprovado. Usamos as leis de 83, causando um problema colateral: a decisão sobre o que ensinar nas faculdades: o velho ou o novo?”, indagou. 

Engenheiros 

Atualmente existem na Argentina cerca de 110 mil engenheiros, dos quais 40 mil são civis, mesmo assim não se sabe quem realmente tem a engenharia como fonte de renda. Destes, apenas 250 se dedicam à estrutura, mas não em tempo integral. 

Alunos

Couto disse que o número de alunos em busca de engenharia caiu muito nos últimos seis anos. Na Universidade de Buenos Aires, por exemplo, há entre 85 a 100 alunos, nos últimos dois anos. Na opinião dele, isso acontece por causa do vai-vem econômico da Argentina, “fazendo com que os jovens se decidam por carreiras com tempo de estudo mais curto”. Ele afirmou que muitos profissionais de Engenharia, mudaram de área. “Hoje não há recursos humanos que permitam responder às necessidades do mercado, no tempo que pede o mercado. A revalorização das atividades é um dos caminhos para que os jovens voltem a estudar”. 

Computador 

Para ele, a participação do computador aumentou a produtividade dos engenheiros, em todas as especialidades. “As novas ferramentas nos permitem fazer análises que, na minha época de faculdade, não se podiam realizar fazer. 

Quem não está engajado, crê que a maquininha resolve tudo”. Para ele há dois pontos importantes: banalização da atividade e a falta de condição de analisar o que dizem os resultados do computador, levando a erros muito mais graves. “O cálculo não deve ser esquecido. Quando se trabalhava com o clássico, havia uma visão direta da estrutura e se acercava da construção”, concluiu.

Autor: Viviane Nunes