A primeira estação de tratamento de esgoto adaptada para gerar energia elétrica a partir do uso da biomassa foi inaugurada no dia 20, em Foz do Iguaçu, pelo presidente da Sanepar e da Aesbe, Stenio Jacob e pelo diretor-geral da Itaipu binacional Jorge Miguel Samek. A Estação Ouro Verde fica a dois quilômetros da fronteira com a Argentina e o Paraguai. Trata o esgoto de uma população de 18 mil pessoas e devolve à bacia do Rio Paraná uma água com 84% de redução de poluentes orgânicos.
O evento marcou mais uma etapa no projeto da Itaipu Binacional de dinamizar a pesquisa e buscar novas fontes de energia. O projeto é mais um passo para reduzir custos das empresas prestadora de serviços de água e esgoto, além de proteger o meio ambiente, reduzindo a carga de poluição lançada nos rios. A tecnologia desenvolvida pela Sanepar com apoio da Itaipu em Foz do Iguaçu será repassada a outras empresas de saneamento básico estaduais que, por iniciativa da Aesbe e da Sanepar, participaram do encontro Renergia, um dos eventos do Fórum Mundial de Energias Renováveis.
O evento foi realizado entre 18 e 21 de maio e contou com a presença de 1,2 mil pessoas de vários países, vários deles da África interessados em novas tecnologias e no biocombustível. Uma delegação de seis países africanos visitou a Estação de Tratamento de Esgoto de Ouro Verde para conhecer a nova tecnologia.
Além da questão ambiental, as empresas mostraram-se interessadas principalmente na redução dos custos. Na gestão dos serviços das companhias estaduais de saneamento o item energia elétrica representa 16% do custo total de exploração, o equivalente a R$ 2 bilhões anuais, segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento – SNIS – de 2006. Depois da folha de pagamento, a energia elétrica representa a maior despesa das companhias.
“Um dos principais custos do setor de saneamento é o da energia elétrica. Este é um projeto importante, que pode ser compartilhado entre os Estados, de forma a reduzir custos”, explica o presidente da Aesbe e da Sanepar, Stenio Sales Jacob. Ele acrescenta que a experiência será repassada para outras 211 estações de tratamento de esgoto no Paraná.
Na Estação Ouro Verde da Sanepar o tratamento de esgoto é feito pelo processo anaeróbio. Possibilita a produção de biogás a partir do gás metano, transformando-o em energia e evitando que seja queimado e contribua para agravar o efeito estufa. O engenheiro Péricles Weber, responsável pelo projeto da Sanepar, lembra que além de produzir energia e evitar a carga poluidora dos rios, a energia limpa possibilita a redução na emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pode significar, para a empresa de saneamento, a venda de créditos de carbono no mercado, conforme estabelece o Protocolo de Kioto.
Na estação de Ouro Verde serão gerados cerca de 990 KW/h por mês, suficientes para atender à demanda de energia do sistema de tratamento de esgoto. O excedente de energia retornará para a rede de baixa tensão da companhia estadual de energia elétrica.
Além da geração de energia a partir do gás metano, a Sanepar também vai apresentar um modelo híbrido, que alia a energia produzida pelo biogás com a de painéis solares.
Cicero Blay, da Itaipu Binacional, afirmou que a energia limpa é a energia do futuro e que a pesquisa para alcançar a energia totalmente limpa, o hidrogênio, passa pelo gás metano. Ao falar sobre o projeto de pesquisa da Itaipu por novas formas de energia, ele informou que vários produtores da região do Paraná já estão preparados para gerá-las a partir do subproduto de suas empresas. Segundo Blay, a Itaipu conduz trabalhos com suinocultores, produtores de leite e outras culturas.
A idéia do Programa de Geração Distribuída da Itaipu Binacional é gerar energia limpa e próxima do seu local de consumo.
Autor: Assessoria de imprensa