O mercado brasileiro de tecnologia da informação (TI) se tornou um dos maiores do mundo e faz com que grandes empresas mundiais, como SAP, CA (antiga Computer Associates) e Siemens, mantenham estratégias de expansão de suas operações no País, que já é considerado pelas empresas um dos mais importantes mercados da América Latina e de grande potencial de crescimento.
Os investimentos direcionados a TI devem alcançar cerca de R$ 46,2 bilhões neste ano no Brasil, dos quais 32%, ou seja, R$ 15,2 bilhões, serão relativos aos gastos com a terceirização de TI (outsourcing de TI) no País, alta de 23,57% ante os R$ 12,3 bilhões investidos no ano passado, segundo dados da E-consulting.
O mercado brasileiro é um dos nove mais importantes para a SAP no mundo. O País já representa 40% das receitas totais da companhia na América Latina, região que representa 7% das receitas globais da SAP. “A tendência é que em um futuro próximo esse montante já alcance 50% do total faturado na América Latina”, atestou Silmar Elbeck, diretor de Alianças Estratégicas e Vendas de Soluções da SAP.
Para este ano, a perspectiva é de que as operações no Brasil cresçam mais de 30%, sendo que apenas no primeiro trimestre o crescimento na venda de softwares e serviços relacionados foi de 19%. “No ano retrasado o Brasil foi a região da SAP que mais cresceu no mundo e no ano passado só ficou atrás da Rússia. Estamos mantendo um crescimento bastante acelerado”, frisou Elbeck, dizendo que de 2005 ao final de 2008 a empresa terá triplicado seus resultados no País.
Segundo o executivo, esse fato puxa forte investimento da SAP em suas operações no Brasil, que “receberá um aporte relevante, maior do que o do ano passado”. No passado, a SAP investiu mais de US$ 10 milhões na América Latina, grande parte deles direcionada para o Brasil, considerado o mercado mais importante da SAP na região.
A empresa investirá até o final de 2008 cerca de R$ 30 milhões no seu centro de desenvolvimento de softwares do Brasil, o Global Service Center de São Leopoldo (RS), a ser inaugurado em dezembro deste ano. Este é o nono centro de desenvolvimento da SAP espalhado pelo mundo. “Esse fato é muito relevante, pois mostra a notoriedade das operações da SAP no Brasil. É nas áreas de maior investimento que se constroem centros de desenvolvimento”, disse Elbeck. Além disso, a empresa contratará cerca de 400 funcionários para esse centro de desenvolvimento.
Com o intuito de alavancar o seu crescimento, a SAP mudou o seu foco de atuação e passou a também trabalhar com força no segmento de pequenas e médias empresas, segmento que obteve crescimento de 60,6% no primeiro trimestre deste ano, auxiliando com um aumento de 29% da base de clientes da SAP Brasil. Este continuará a ser um dos focos, juntamente com o segmento de engenharia e construção, de varejo, financeiro, setor público.
Para atender a toda essa demanda que surge no mercado brasileiro, a SAP conta com 150 empresas parceiras espalhadas pelo Brasil, as quais a auxiliam nos contatos com os clientes. Outra estratégia da SAP será treinar e qualificar 1,6 mil novos profissionais até o final de 2008 para suprir a demanda do mercado brasileiro.
Outra interessada em ampliar a sua participação no Brasil é a CA, uma das maiores empresas mundiais de software para Gestão Integrada de TI, que fornece serviços para gerenciamento de infra-estrutura, segurança, armazenamento e otimização dos serviços.
Um ano depois da reestruturação pela qual passou, resultado de escândalos contábeis que envolveram a empresa, e da desvinculação do nome de Computer Associates, para apenas CA, a empresa colhe os frutos deste processo e mira no Brasil como um grande mercado em potencial. “Realizamos uma transformação interna. Mudamos processos internos, canais de vendas, negócios, produtos. Foi uma mudança de cultura. O processo está finalizado e hoje vemos os bons resultados”, afirmou Jonh Swainson, presidente e CEO da CA.
Segundo Swainson, o Brasil é um dos mercados mais importantes para a CA: o maior da América Latina e um dos mais relevantes do mundo. “É um mercado muito sofisticado e com grande potencial. O faturamento das nossas operações no Brasil está crescente”, disse o executivo. Ele avalia que o atual ambiente econômico e político do Brasil está favorável à atuação da empresa. “Temos várias oportunidades de realizar negócios no Brasil e alavancar os negócios da CA”, revelou.
Embora ainda tenham uma representatividade percentual de apenas um dígito da receita da CA, as operações no Brasil são vistas com bons olhos pela companhia. “Vêm crescendo em um ritmo acelerado”, analisou.
Para o diretor-geral da CA no Brasil, Laércio Albuquerque, o principal ponto de atuação será baseado no crescimento das parcerias. “Devemos estar mais perto dos clientes, já que a necessidade de cada cliente é diferente”, resumiu Albuquerque. Ele aponta de que a CA vem registrando um crescimento na casa dos dois dígitos no Brasil nos últimos anos, o qual deverá se manter em 2008, podendo ser superior. “Este ano o mercado está mais aquecido”, afirmou. O foco de atuação da CA no Brasil será baseado em um tripé composto pela oferta de serviços e ações de governança, gerenciamento e segurança.
A Siemens também mira elevar seu crescimento no Brasil e um dos fatores que o revelam é o fato de a operação brasileira entrar na área de Global Production Center (GPC), sendo o Brasil 11º país do mundo a ter aplicações em GPC. O novo COO da Siemens Soluções de TI e Serviços, Jairo Cardoso de Oliveira, aponta a que este fato mostra “a importância do País nos resultados da companhia”. A empresa contratará 100 novos profissionais para auxiliar no aumento de volume de negócios. “A meta é crescer cerca de duas vezes o PIB”, cravou Oliveira, informando que os investimentos deste ano serão maiores.
Autor: DCI