Um panorama do que vem sendo feito no setor da construção na América do Norte, África, Ásia e Europa foi apresentado na conferência internacional Macrotendências da Construção 2008. O evento ocorreu em São Paulo e foi organizado pela Escola Politécnica da USP e pelo CIB (Conselho Internacional de Pesquisa e Desenvolvimento na Construção).
Boa parte do encontro foi dedicada à discussão do papel do setor na redução do consumo de energia e emissão de gases estufa. Christian Kornevall, do World Business Council for Sustainable Development, lembrou que, no mundo, a operação e manutenção das construções são responsáveis por 37% do total de energia consumida, além de cerca de 40% da emissão total de CO2. Para ele, o Brasil deve despertar para o problema e administrar o crescimento de sua demanda energética. “Os edifícios podem e devem ter consumo zero de energia”, afirma. Niclas Svenningsen, membro da Iniciativa de Construção Sustentável do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, fez coro: “o problema não é a falta de tecnologia, mas que o setor da construção não tem usado a tecnologia para esse fim”.
Professor da Universidade Aristóteles, na Grécia, Kyriakos Papaioannou mostrou o impacto dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, sobre o setor da construção. Entre 1997 e 2003, conta, o PIB da Construção dobrou, atingindo $ 13,6 bilhões. Nos dois anos seguintes, 2004 e 2005, com o fim das obras para a Competição, os construtores gregos “passaram dificuldades”, nas palavras de Papaioannou, mas logo retomaram o crescimento com investimentos públicos em obras de infra-estrutura, como os ¿$ 2 bilhões destinados a melhorias do sistema ferroviário grego.
Em uma palestra que considerou um pouco “negativista”, Rodney Milford apresentou um panorama do setor da Construção Civil na África do Sul. Na apresentação, o engenheiro destacou a retomada, depois de uma década e meia de recessão, do crescimento do setor a partir de 1994, quando Nelson Mandela assumiu a presidência nas primeiras eleições democráticas da história do país. Os gráficos mostram taxas de crescimento mais ou menos constantes, que têm se sustentado até hoje. Às vésperas da Copa do Mundo de 2010, lembra Milford, o governo sul-africano prepara um pacote de maciços investimentos em infra-estrutura. Entretanto, o crescimento do setor da construção tem sido acompanhado por uma alta de preços de materiais sobretudo do cimento, blocos de concreto e tubos de cobre desde 2002. Segundo o engenheiro, esse aumento de preços, maior do que a taxa de inflação registrada no período, pressionou o custo da construção. Dentre as causas apontadas por Milford estão o aumento dos custos de energia e o crescimento das margens de lucro dos fornecedores.
Yoshiro Yashiro, engenheiro da Shimizu, 5ª maior construtora do Japão, destacou a preocupação do segmento de seu país em investir em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). A Shimizu possui um instituto tecnológico próprio, em que desenvolve suas próprias soluções construtivas. A divisão conta com 220 engenheiros e já publicou 1862 patentes.
Autor: Revista Téchne – Renato Faria