Alavancado pelos preços do petróleo e pelas ameaças do aquecimento global, o etanol começou a atrair a atenção dos Governos e dos investidores de todo o mundo e começa a despontar como uma “commodity” de âmbito global e presença permanente na matriz energética de muitas nações.
No Brasil a indústria do açúcar e do álcool a partir da cana, como fonte de riqueza e reserva de valor, remonta ao período colonial, como menciona o Padre Vieira em suas cartas ao Reino. E ao longo do tempo acumulou uma seqüência de altos e baixos nos campos econômico e social que ajudaram a cimentar a experiência e maturidade de que o setor desfruta hoje em dia.
Não sei se todos sabem, mas o Instituto de Engenharia teve papel muito importante no estabelecimento do álcool como combustível. Alguns associados nossos, já nas décadas de 30 e 40 realizaram extensos trabalhos sobre sua utilização em veículos automotores, vislumbrando assim a sua utilização intensiva como substituto de derivados de petróleo, tal como está implantado hoje.
Refiro-me especificamente aos associados: engenheiros Eduardo Sabino de Oliveira e Lauro de Barros Siciliano. São Eles os verdadeiros pioneiros do Pró Álcool.
Quero aproveitar a oportunidade para cumprimentar o filho de Lauro de Barros Siciliano, o senhor Lauro Penteado Siciliano, aqui presente.
O sucesso atual do etanol, além da progressiva “tecnificação” do processo produtivo, especialmente em São Paulo, deriva de uma série de fatores favoráveis internos e externos: preços, aumento da produtividade e das fronteiras agrícolas, pesquisa industrial (flex fuel), apoio governamental (percentual de adição à gasolina).
Apontado por alguns, como panacéia de todos os males ambientais e energéticos, e criticados por outros por seu caráter de monocultura capaz de provocar a exaustão dos solos, devastação das florestas e o comprometimento das reservas alimentares da humanidade, o etanol merece uma reflexão técnica e ponderada de seus limites e vantagens para o Brasil, que é o que o Instituto de Engenharia pretende fazer neste Simpósio.
Em princípio a abordagem, através de especialistas na matéria, se centrará sobre alguns temas relevantes: situação atual e perspectivas futuras do etanol; inovações tecnológicas e co-geração de energia, agroindústria, segurança alimentar e meio ambiente, buscando as opiniões e soluções que permitam otimizar a eficiência energética, ambiental e econômica do etanol, sem comprometer o crescimento sustentado do país e a sobrevivência de sua população.
Edemar de Souza Amorim
Presidente do Instituto de Engenharia
Autor: Edemar de Souza Amorim