A área de concessão da Enel na Grande São Paulo conta com regiões que diferem das demais por terem um sistema de fornecimento de energia elétrica que não é apenas enterrado. Eles são chamados de reticulados, uma espécie de rede subterrânea que faz com que a eletricidade procure um novo caminho sempre que uma passagem sofre alguma pane.
Esses sistemas não são imunes a apagões, como o que deixou mais de 2,1 milhões de imóveis sem luz no início do mês, embora as chances de que ocorram sejam bem menores. A Enel foi questionada a respeito dos conjuntos reticulados em 8 de novembro e se manifestou neste domingo (19/11), 11 dias depois, após a publicação da reportagem.
Onde fica a rede mais confiável
Nos 24 municípios sob concessão, a Enel conta com 143 conjuntos elétricos, como são chamadas as regiões de distribuição de energia. O tamanho e a localização não têm relação nenhuma com a divisão administrativa dos bairros ou das cidades, embora sejam identificados com eles por proximidade.
Na capital paulista, dois desses sistemas trazem a rede mais eficiente no nome. São o Bandeirante-Reticulado e o Miguel Reale-Reticulado. O primeiro está instalado em parte pequena do Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste, nas proximidades da Rua Bandeira Paulista. Já o segundo fica na região próxima à Praça da Sé e à Liberdade.
Segundo a concessionária, são 502 Km de extensão de rede de distribuição subterrânea reticulada em toda a sua área, que contempla a capital e mais 23 municípios da região metropolitana. Os conjuntos reticulados Augusta, Paula Souza, Bandeirantes, Brigadeiro, Centro e Miguel Reale fazem parte da sua área de atuação.
“Esses conjuntos também foram impactados pela alta temperatura que atingiu a área de concessão da companhia nas últimas semanas, mas tiveram o fornecimento de energia restabelecido prontamente”, diz, em nota.
Segundo a Enel, esses conjuntos reticulados possuem diversos sistemas e suas implantações datam desde meados dos anos 1950, como o Paula Souza, até o início dos anos 2000, como o Miguel Reale.
Quem vive ou trabalha na área do Bandeirante-Reticulado diz que não costuma passar tanto aperto durante temporais. O comerciante José Ribeiro, de 79 anos, tem uma loja na Rua Tabapuã, no Itaim Bibi, e afirma que ao longo de 22 anos ficou sem energia elétrica em apenas duas oportunidades, a última delas há mais de 10 anos.
Durante o temporal do último dia 3/11, quando a Enel deixou imóveis sem luz por até cinco dias, a loja de Ribeiro permaneceu intacta. “Não aconteceu nada, tudo funcionou normalmente”, diz a irmã dele, Maria Augusta, 72 anos, que estava no local durante a tempestade.
A reportagem conversou com outras pessoas da área do reticulado que atende à parte pequena do Itaim Bibi. Durante o temporal do início de novembro, o máximo que notaram foram interrupção de minutos no fornecimento de energia ou piscadas na luz.