A Faixa Azul é uma solução de engenharia de tráfego que começa a mudar o desenho da cidade, destaca o arquiteto e urbanista, Flamínio Fichmann. Segundo ele, está havendo apoio de associações e sindicados de motociclistas, ONGs e grande adesão de motociclistas, o que revela a assertividade da iniciativa.
Entenda o que é a Faixa Azul
“Acho que fizeram muito bem feito, as técnicas adotadas foram muito bem aplicadas e a seleção das vias também. Acredito que a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) dará todo o apoio e vai continuar incentivando a implantação dessa solução em outras regiões metropolitanas”, diz.
Para falar sobre a experiência e detalhar os próximos passos da iniciativa, autoridades e especialistas debaterão o tema no encontro Faixa Azul e Faixa Azul Segregada – Balanço da Experiência em Vias do Município de São Paulo, organizado pelo Instituto de Engenharia, no dia 15 de junho, das 19h às 21h00.
Dentre as autoridades presentes está o arquiteto e urbanista, que é coordenador da Divisão Técnica de Transporte Metropolitano do Instituto de Engenharia e diretor e coordenador do Grupo Mobilidade Urbana da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Flamínio Fichmann – que concedeu um breve relato sobre o tema:
Como avalia o projeto Faixa Azul em São Paulo
Flamínio Fichmann: A Faixa Azul é uma solução de segregação da circulação de motocicletas que já foi anteriormente tentada, mas de uma forma errada. Foi colocada há alguns anos na avenida Sumaré. Também tivemos a experiência da Faixa Cidadã, na avenida Consolação, mas sempre defendemos que a disposição da faixa fosse exatamente onde existe a circulação do motociclista, onde ele se sente mais seguro.
Nessa faixa intermediária ele anda com maior segurança porque a proximidade da guia e de obstáculos físicos, como postes, árvores, guard-rails, barreiras de concreto etc estão dispostas à esquerda e esses tipos de obstáculo, quando ocorre uma queda, normalmente produzem sérios ferimentos e até óbito.
Então houve essa sensibilidade, por parte da Engenharia da CET, de entender que a faixa deveria estar naquela posição e foi uma decisão absolutamente acertada, tanto na avenida 23 de maio quanto na avenida dos Bandeirantes.
Fala-se que a Faixa Azul apaziguou as relações no trânsito
Flamínio Fichmann: O que acontece com as motocicletas é que ao longo de muito tempo deixamos de ter uma política pública voltada a entender que havia um incremento importante no uso desse modal e não houve ou havia adequação. Toda a estrutura viária é voltada para o automóvel, para a segurança do automóvel. A solução ‘Faixa Azul’ é a primeira experiência no Brasil que, desde o início, apostávamos que daria certo e deu muito certo, no sentido de oferecer uma solução para os motociclistas.
Não é uma solução que vai resolver todos os problemas de segurança dos motociclistas, não serão todas as vias que têm ou terão condições de aplicar essa solução, mas foi um primeiro passo, como uma solução efetiva, no sentido de mudar a cidade e dedicar uma faixa de uma maneira eficiente, acompanhada, responsável e com todos os cuidados necessários, daí a qualidade do projeto e que obteve grande sucesso. Isso é tão importante que está prevista a ampliação para pelo menos 200 km de faixas exclusivas.
Tenho circulado bastante pela 23 de maio e Bandeirantes e tenho notado um respeito muito grande, de maneira geral, pelos motociclistas e, ao mesmo tempo, houve um apaziguamento na relação, na disputa do espaço viário com o motorista do automóvel. Então está havendo mais conforto e mais segurança, também, para o motorista, porque esse balizamento define claramente qual o limite da faixa e por onde pode circular e qual o cuidado que será preciso ter quando for preciso mudar de faixa – quando tem que passar por sobre a Faixa Azul.
Já há demandas de outras cidades de SP e do Brasil pela Faixa Azul
Flamínio Fichmann: Não tenho dúvida de que essa solução será adotada e implantada em outras cidades e metrópoles brasileiras.
- Evento: Faixa Azul e Faixa Azul Segregada – Balanço da experiência em vias do município de São Paulo.
- Quando: 15 de junho de 2023
- Horário: 19h às 21h
- Onde: Instituto de Engenharia – Avenida Dante Pazzanese, 120, Vila Mariana – SP
- Você pode se inscrever ou tirar suas dúvidas no link.
