Diário do Transporte – Entidades alertam para riscos da expansão do mototáxi em São Paulo e no Brasil

Preocupações envolvem áreas como segurança pública, mobilidade urbana, saúde pública e eficiência do transporte coletivo

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Nesta sexta-feira, 31 de janeiro de 2025, o Instituto de Engenharia, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) e a União Internacional de Transporte Público (UITP) manifestaram preocupação com as ações judiciais promovidas pelo aplicativo 99, que buscam autorizar a operação do serviço de mototáxi em São Paulo e sua expansão em todo o Brasil. As entidades alertam para os impactos negativos dessa modalidade de transporte individual em áreas como segurança pública, mobilidade urbana, saúde pública e eficiência do transporte coletivo.

De acordo com o presidente do Instituto de Engenharia, José Eduardo Poyres Jardim, a implementação do mototáxi representa um retrocesso para o modelo de mobilidade urbana que as cidades brasileiras buscam. “A cidade precisa priorizar soluções que não apenas aumentem a capacidade do transporte coletivo, mas que também melhorem a qualidade de vida dos cidadãos. O mototáxi, longe de ser uma solução, traz riscos significativos”, afirmou Jardim.

As entidades destacam quatro principais áreas de preocupação:

1. Aumento de acidentes e impactos na saúde pública: A introdução do mototáxi pode elevar o número de acidentes, resultando em mais vítimas e sobrecarga no sistema de saúde. Além disso, esses incidentes comprometem o atendimento de outras emergências, gerando custos sociais elevados.

2. Problemas na mobilidade urbana: Acidentes envolvendo mototáxis tendem a agravar os congestionamentos, atrasar a rotina da população e aumentar os custos sociais, prejudicando a fluidez do trânsito e a eficiência do transporte público.

3. Riscos à segurança pública: A atuação de motociclistas clandestinos no serviço de mototáxi pode facilitar crimes, como assaltos, dificultando a identificação e o rastreamento de criminosos, o que representa um risco adicional à segurança da população.

4. Concorrência com o transporte público: O mototáxi, como modalidade de transporte individual, desvia passageiros das linhas capilares de ônibus e das redes integradas de transporte coletivo, prejudicando o equilíbrio financeiro do sistema público e a sustentabilidade da mobilidade urbana.

As organizações recomendam que o governo priorize investimentos na melhoria e expansão do transporte público, em vez de autorizar o serviço de mototáxi. Entre as soluções propostas estão:

– Investimentos em infraestrutura, integração modal e tarifária.
– Adoção de tecnologias avançadas, como os Intelligent Transportation Systems (ITS), já utilizados pela SPTrans.
– Criação de linhas capilares de ônibus e expansão de corredores exclusivos.
– Fortalecimento da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para garantir a gestão e racionalização da integração intermodal dos transportes municipais e estaduais.

As entidades destacam a importância da gestão pública na promoção de soluções sustentáveis e seguras para o transporte urbano. A ampliação da interoperabilidade tarifária e o fortalecimento da infraestrutura existente são apontados como medidas essenciais para garantir um sistema de transporte eficiente e seguro.

“A prioridade deve ser o transporte público, que atende às necessidades da população sem comprometer a segurança e a mobilidade urbana”, reforçou o manifesto das entidades.

Enquanto as ações judiciais do aplicativo 99 avançam, as entidades defendem que a expansão do mototáxi não é a solução ideal para os desafios de mobilidade das grandes cidades. A recomendação é clara: investir em transporte coletivo e em políticas públicas que promovam a segurança, a eficiência e a sustentabilidade do sistema de transporte.

Arthur Ferrari, para o Diário do Transporte

Fonte: Diário do Transporte