Já reparou na quantidade de lixo que jogamos fora todos os dias? Será que a lixeira é o melhor destino para tudo isso? De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Brasil desperdiça R$ 38 bilhões por ano enterrando ou jogando em lixões materiais recicláveis e orgânicos que poderiam estar circulando novamente na economia.
Além disso, os municípios investem R$ 30 bilhões anualmente para fazer o recolhimento e a destinação desses resíduos. No entanto, apenas 30% deles possuem algum programa de coleta seletiva.
Com a chegada do ano que será marcado pela realização da Conferência do Clima da ONU em Belém, a COP 30, quando o mundo irá discutir que medidas adotar nos próximos 10 anos para combater as mudanças climáticas, o ‘Jornal Nacional’ estreia nesta segunda-feira, dia 6, uma série especial de quatro reportagens com o intuito de conscientizar a população sobre a importância da reciclagem.
O repórter André Trigueiro e equipe percorrem cidades de norte a sul do país para fazer um raio-x completo de como funciona esse ecossistema e mostrar iniciativas públicas e privadas que vêm dando certo.
No primeiro episódio, a equipe visita Piracaia, uma cidade no interior de São Paulo que iniciou do zero a separação de resíduos há três anos, com o apoio do Instituto Recicleiros, uma ONG que já ajudou a implementar a coleta seletiva em catorze municípios brasileiros. Piracaia é um exemplo de sucesso na parceria entre prefeituras e cooperativas de reciclagem.
A matéria mostra também a rotina de brasileiros que adotaram a prática de separar o chamado lixo seco — papel, papelão, vidro, plásticos e metais — e compartilham dicas valiosas sobre a forma mais adequada de descartar esses materiais.
A segunda reportagem destaca o papel crucial dos catadores, que, embora estejam presentes nas ruas, são invisíveis para a economia e para a maioria da população. A matéria discute os desafios enfrentados por esse grupo, que soma quase um milhão de brasileiros, especialmente aqueles que trabalham sozinhos, e a necessidade de apoio das grandes marcas, fabricantes de embalagens, e do governo para que sejam contratados e remunerados pelo serviço ambiental que prestam.
Também aborda a discussão no Supremo Tribunal Federal que pode agravar a situação dos catadores, ao possibilitar que os produtos reciclados paguem os mesmos impostos que os não reciclados. E ainda a introdução de novas tecnologias, como garrafas PET com QR code, que podem ajudar a rastrear e melhorar o processo de reciclagem.
O terceiro episódio traz iniciativas inovadoras como a utilização de gás metano, proveniente de lixo orgânico. A equipe visita o aterro sanitário de Caucaia, próximo à Fortaleza, que canaliza e distribui esse gás, contribuindo para a descarbonização e oferecendo uma alternativa mais barata e ecológica ao gás de petróleo.
O ‘JN’ também vai ao aterro de Seropédica, no Rio de Janeiro, onde, ao contrário do Ceará, o gás do lixo é transportado em cilindros por caminhões. Ainda no Rio de Janeiro, a reportagem mostra a coleta seletiva de resíduos orgânicos em baldinhos, que transforma restos de comida em adubo de alta qualidade, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a agricultura, além da aplicação prática desse adubo em propriedades rurais e a contribuição de grandes shoppings na doação de resíduos orgânicos para compostagem.
Já na última reportagem da série, o ‘JN’ vai até Florianópolis que, em 2018, se tornou a primeira cidade lixo zero do Brasil. O município estabeleceu metas ambiciosas para 2030, visando reduzir em 90% a quantidade de matéria orgânica e em 60% os materiais recicláveis enviados aos aterros.
O sucesso do projeto depende da colaboração dos condomínios e da população, que participam ativamente na separação e entrega voluntária de resíduos, como vidro e isopor. A coleta de vidro é altamente eficiente e mecanizada, minimizando riscos para os trabalhadores.
Já o isopor coletado é transformado em produtos como rodapés, demonstrando a viabilidade econômica e ambiental da reciclagem desse material.
“A minha expectativa é que as pessoas se surpreendam vendo o que elas costumam jogar fora no lixo. Porque a maioria das coisas que a gente joga fora não merece ser chamada de lixo, ou pode ser reciclada, ou pode ser transformada em adubo ou até mesmo em energia. A gente está desperdiçando recursos. E a série mostra movimentos importantes ocorrendo no Brasil nessa direção da redução do desperdício e como a gente precisa mudar nossa percepção”, afirma o repórter André Trigueiro.
A série do ‘JN’ sobre reciclagem será exibida de 6 a 9 de janeiro.