O Comitê de Civismo e Cidadania (COCCID), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizou na tarde de ontem (26) sua última reunião do ano debatendo e comemorando os “100 anos da verticalização da cidade de São Paulo”. O encontro, em parceria com o Conselho de Política Urbana (CPU), teve como convidado especial o palestrante Geraldo Nunes, um dos pioneiros dos sobrevoos pela cidade como repórter aéreo, além José Eduardo Jardim, presidente do Instituto de Engenharia, e Alfredo Savelli, ex-presidente e diretor de patrimônio do Instituto de Engenharia.
Iniciando os debates, Samir Nakhle Khoury, vice-presidente da ACSP e coordenador do COCCID agradeceu a presença de todos e deu as boas-vindas aos palestrantes, ressaltando a satisfação e importância da temática para a compreensão do crescimento vertical da capital paulista, seus desdobramentos e desafios. “Aonde vamos parar? Precisamos debater a questão da permeabilidade do solo [para suportar toda essa expansão]”, pontuou.
Na sequência, João Tomás do Amaral, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) iniciou o encontro contextualizando o perfil da cidade antes de 1924, ano em que a metrópole deixa de crescer horizontalmente com a construção de casas e edifícios baixos e dá preferência para os grandes prédios.
Geraldo Nunes, o segundo a falar, jornalista com mais de 20 anos de experiência em observar a cidade do alto, expos, por etapas, os períodos mais marcantes de São Paulo no que se refere à verticalização, de 1924 a 2024. O profissional esmiuçou os períodos marcantes de 1930-1961, com a Vila Normanda, que desapareceu do centro para ceder lugar a edifícios como o Copan; de 1952-1966, destacando o lançamento do Copan e Conjunto Nacional, na avenida Paulista; e foi abordando outras edificações icônicas, tais como: Edifício Viadutos (1950-196); Mirante do Vale (1959-1966); Edifício Circolo Italiano (1956-1965); até chegar ao debate do Plano de Diretor, de 1972.
“A cidade é muito confusa para quem vem de fora, mas atraente a todos os que aqui chegam”, esclareceu Nunes, finalizando sua apresentação sinalizando o futuro dos arranha-céus com o lançamento das torres, como o Edifício Alto das Nações, em Santo Amaro, em 2025, que terá 219 metros de altura, 320 mil metros quadrados de área privativa, centro comercial com hipermercado e muitos outros estabelecimentos, além de garagem subterrânea com capacidade para mais de 700 vagas no estacionamento. “Uma obra que é motivo de orgulho para todos nós e será o edifício corporativo mais alto do Brasil”, declarou.
Não há como falar de verticalização da cidade sem mencionar o Metrô, que, neste ano, completa cinco décadas de existência, e, segundo Alfredo Savelli, foi “indutor” desse processo. Savelli, que participou ativamente da construção das primeiras linhas da Companhia do Metropolitano de São Paulo, abordou, rapidamente, em sua apresentação, a história da companhia, de 1974 a 2024, passando por curiosidades sobre as estações da Linha1-Azul (Norte-Sul), a primeira a ser inaugurada, depois a Linha3 (Leste-Oeste), monotrilhos, integração com a CPTM, e indicando o lançamento de outras linhas de monotrilho, como a que ligará Freguesia do Ó à estação São Joaquim.
“O Metrô é a nossa satisfação e orgulho, e por onde passa, nascem centros comerciais, e amplia a vida pública nas periferias com as estações que inaugura”, informou.
Encerrando o evento, Antônio Carlos Pela, coordenador do CPU, e Beatriz Messeder Sanches Jalbut, coordenadora técnica daquele conselho, falaram sobre a revitalização e requalificação do Centro Histórico de São Paulo e acerca do “Novo Centro Administrativo”, sempre os interligando à temática em questão da verticalização, que resvala nas tratativas das diversas edições do Plano Diretor apresentadas pelo poder público.
Beatriz citou as intervenções urbanísticas que já foram previstas para o Centro, desde a gestão do prefeito Olavo Setubal até a do atual chefe do executivo municipal, Ricardo Nunes. Ela mencionou a mudança da sede da prefeitura do Ibirapuera para o Palácio das Indústrias, com Luiza Erundina; abordou a criação do “Concurso para o Centro Novo de São Paulo”, com Paulo Maluf-Celso Pitta; o “Reconstruir Centro”, de Marta Suplicy; a “Lei Cidade Limpa”, de Gilberto Kassab; até chegar à “Lei do Retrofit”, com Nunes, e o retorno da sede do governo estadual para Campos Elíseos.