As últimas disputas eleitorais brasileiras centraram esforços em dividir a sociedade por classe econômica.
As teses fundamentais lançadas foram, de um lado, de que as pessoas das classes média e alta brasileiras (chamadas, então de “elites”) são responsáveis pela grande concentração de renda no País e contrárias aos programas sociais, assistenciais e de distribuição de renda iniciados nos governos de Fernando Henrique Cardoso e ampliados nos governos seguintes sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores. Pela ótica dos opositores a essa tese, argumentou-se que as pessoas de menor (ou nenhuma) renda têm-se aproveitado das políticas de distribuição de renda implementadas pelos governos, acomodando-se na busca de oportunidades de emprego ou evolução profissional.
Iniciou-se assim, uma disputa artificial na sociedade brasileira (dividida entre “nós – pessoas de baixa renda que vivem total ou parcialmente dos programas sociais tipo Bolsa Família – e “eles”, que são aqueles que têm algum poder aquisitivo, carro, imóvel, funcionários públicos de maior nível salarial, profissionais liberais e que, em tese, pagam pelos benefícios concedidos pelo Governo.
Esta divisão (nós e Eles) é claramente artificial, criada sem uma análise mais aprofundada dos fatos, até porque, nesse tipo de discussão, a retórica tem valido mais do que os dados objetivos.