Por Reginaldo A. de Paiva – São Paulo: Onde Judas perdeu as botas

Exagero? O local em que Judas, apóstolo traidor, perdeu as botas fica, na tradição popular, em qualquer lugar e em parte alguma. Nunca localizado junto ao observador, que o situa tão longe quanto longe seja o seu conceito de lonjura.

Para estas mal traçadas linhas (*), cartesiano que sou – quando me convém, claro – chamemos o lugar onde Judas Perdeu as Botas de JPB.

É característica de um JPB ser habitado por gentes estranhas, que falam com estranhas entonações e sotaques, detentoras de estranhos hábitos, no vestuário (que seja), na alimentação (quase sempre) e nas relações sociais (com certeza).

Para alguém postado nas imediações do Largo Ana Rosa, em São Paulo, a Praça da Igreja de Cima, em Buriti Alegre, Goiás, é um JPB; no mesmo tempo e no espaço da Praça da Igreja de Cima, a Praça Ana Rosa é um JPB.

Como um par de spins das teorias quânticas, os conceitos giram em sentidos opostos, estando os dois observadores cobertos de razão, porque é assim que é a relatividade de um JPB.

Por ter nascido perto da Praça da Igreja de Cima – minha casa era em “distancia de grito” da praça – e ter me mudado para as imediações da Praça Ana Rosa, que seja nas imediações, como assim as entendem os paulistanos – tornei-me um JPB entre JPBs.

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REGINALDO A. DE PAIVA*

Diretor secretário da Diretoria Executiva (2014/2015); representante do Instituto de Engenharia na Comissão Pré-Centro e na Operação Urbana Águas Espraiadas e na Comissão Licitatória de Concessões Rodoviárias (Secretaria de Estado dos Transportes); membro do Conselho Editorial da Revista Engenharia.

*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.