Sob este título, o jornal A Gazeta de Pinheiros publicou e sua edição de 6 de abril de 2023, a seguinte matéria:
O Ministério Público definiu a autorização de construção de empreendimento da Unidade de Recuperação do Córrego Antonico, defronte ao Estádio Cícero Pompeu de Toledo, na entrada do Morumbi, sendo “além de ilícita, por causar evidente dano ambiental, é claramente ilegal”.
Entre as justificativas estão a supressão de 213 árvores e os impactos causados na região, por licenças supostamente irregulares da Cetesb, autorizadas para as obras da Sabesp, para o ‘Projeto Novo Rio Pinheiros’.
Na terça feira, dia 3 de abril, a subprefeita do Butantã Joseane Possidonio se reuniu com técnicos da Sabesp, para explicarem os problemas causados pela UR Antonico, aos moradores da região. Seria marcado uma Audiência Pública no auditório da Subprefeitura nas próximas semanas para ouvirem as demandas dos moradores do entorno e ambientalistas, para solução dos problemas relatados pela sociedade no Grupo 1 de Jornais – Gazeta de Pinheiros, Jornal do Butantã, Morumbi News, Tribuna de Santo Amaro e São Paulo News.
Também será feita uma fiscalização da Subprefeitura que será acompanhada pela própria Subprefeita e os técnicos, dentro da obra da UR, para verificar se a obra está de acordo com o projeto original apresentado.
Especialistas explicam as falhas dos projetos da Sabesp
O engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, Doutor em Saúde Pública e Pós Doutor em Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas pelo Centro de Síntese Cidades Globais do IEA – USP, explica: “A informação do engenheiro Jose Eduardo W. de Cavalcanti cita o que deveria ser feito. Em artigo recente publicado na página do ‘Instituto de Engenharia’, Cavalcanti analisou a concepção dessas Unidades Recuperadoras, para colocar suas águas em um nível pelo menos de Classe 4 de qualidade, para poder de fato contribuir para a qualidade das águas do Rio Pinheiros.
Cavalcanti cita ainda que “Como o anteprojeto ofertado pela Sabesp teve caráter apenas orientativo, as empresas contratadas se puseram a desenvolver os projetos definitivos com base nas suas “expertises” desvinculando-se da Sabesp, porém sujeitos à aprovação da Cetesb para emissão das respectivas Licenças de Instalação.”
Especialmente esse trecho: E na sua conclusão coloca um grande problema não solucionado pelo Programa Novo Rio Pinheiros: “a preocupação que fica é sobre a ausência de tratamento que teria de ser dado ao lodo químico e principalmente aos lodos biológicos excedentes estimados em 60 ton/dia a 20% de Sólidos em Suspensão, uma vez que os projetos previram apenas a desidratação em centrífugas do lodo tal e qual, isto é, sem estabilização, conforme confirmado pela Sabesp em “live” da ABES em setembro último.”
Este receio é ainda mais preocupante quando se sabe que o manuseio e transporte destes resíduos, incluindo também material gradeado, areia e óleo separados no tratamento preliminar, se darão em áreas intensamente habitadas podendo provocar incomodidade na forma de desprendimento de odores com o risco de se criar um impasse de ordem sanitária.
Como já sugerido em outro artigo, uma alternativa seria lançar o lodo excedente e o lodo químico à rede de coleta mais próxima das URs, de modo que, interligadas aos coletores-tronco e aos interceptores do Pinheiros, alcancem a ETE Barueri onde seriam tratados. Procedimento similar já foi feito pela Sabesb com o lodo da ETA ABV.”
Questionada sobre as observações feitas pelo engenheiro, a Sabesp não retornou até o fechamento desta edição.
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José Eduardo Cavalcanti é engenheiro consultor, diretor do Departamento de Engenharia da Ambiental do Brasil, diretor da Divisão de Saneamento do Deinfra – Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), conselheiro do Instituto de Engenharia, e membro da Comissão Editorial da Revista Engenharia. E-mail: [email protected]
*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo