Acessibilidade na área das Engenharias

Os projetos devem seguir normas inclusivas e serem declarados na Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)

Em 2019, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizou uma pesquisa que revelou que mais de 17 milhões de pessoas no Brasil vivem com alguma deficiência e 3 milhões ficam no estado de São Paulo. A pesquisa aponta a necessidade por iniciativas inclusivas nos mais diversos âmbitos da vida social.

Desde que a acessibilidade passou a ser uma realidade discutida no país, prioridades para atendimento e promoção da inclusão foram estabelecidas a partir de decretos e leis federais. As áreas tecnológicas, principalmente das engenharias, contam com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), um recurso importante para projetos afirmativos. Na prática, significa que a ART funciona como um primeiro atestado de que um empreendimento, obra ou serviço segue as regras de acessibilidade. Mas, de acordo com a engenheira, caso seja provado o não cumprimento das estratégias de acessibilidade orientadas nos normativos, o profissional pode responder civil e criminalmente por isso.

A Eng. Civil Vanda Maria Cavichioli, coordenadora da Comissão de Acessibilidade do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), afirma: “Os profissionais devem se utilizar da ART para declarar a acessibilidade arquitetônica e urbanística, da concepção e a implantação dos projetos, em atendimento aos princípios e normas técnicas da ABNT, onde destacamos a NBR 9050/2020, fora a legislação específica. Além de estar sujeito a processo ético e disciplinar no Conselho”.

Isso pode ocorrer porque o documento define responsabilidade técnica e o papel do engenheiro na atividade prestada. Cabe a ele garantir o cumprimento das exigências legais.

Em alguns municípios, além da ART, pode ser emitida uma certificação de acessibilidade, como é o caso de São Paulo. Na capital paulista, o Código de Obras e Edificações (Lei 16.642/2017) prevê uma declaração para conclusão e execução de obra de uso público, coletivo ou privado que certifica as condições de acesso às pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida.

A Comissão de Acessibilidade do Crea-SP apoia os profissionais com orientações sobre suas atividades em uma cartilha das obrigatoriedades de sinalizações, circulação, dispositivos de proteção e mais. O material está disponível para consulta no site https://www.creasp.org.br/comissoes-permanentes/comissao-permanente-de-acessibilidade/. “O objetivo é gerar conscientização”, destaca a coordenadora. Vanda conta ainda que o grupo tem trabalhado um calendário com as principais datas da agenda da inclusão, marcando as mais importantes conquistas das pessoas com deficiência.

Demanda virtual

Os espaços físicos não são os únicos que pedem acessibilidade. A ABNT lançou recentemente uma norma que facilita o acesso aos apps e recursos dos celulares. A NBR 17.060/2022 visa às demandas das pessoas com limitações visuais, auditivas, de mobilidade e fala.

O Movimento Web Para Todos, que conecta organizações, profissionais de desenvolvimento de produtos digitais e pessoas com deficiência, realizou uma pesquisa para identificar o quanto os sites brasileiros seriam aprovados em testes de acessibilidade e descobriu que apenas 0,46% de um universo de 21 milhões de portais são de fato acessíveis. O que é um desafio, também gera oportunidade de transformação. O que dificulta é que a própria internet não está tão adequada às diferentes necessidades de seus públicos.

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