A sustentabilidade tem sido praticamente obrigatória às tomadas de decisão dos setores público e privado, por causa dos tempos de governança ambiental, social e corporativa ou ESG (sigla em inglês para Environmental, social and corporate governance). E é neste ambiente de urgência para trazer soluções para os desafios da sociedade, como as emergências climáticas, o crescimento populacional e a alta demanda alimentar, e motivado pelo espírito de inovação para geração de valor com menor impacto global que nasce também o conceito de cidades inteligentes.
A junção entre os pilares da sustentabilidade e do desenvolvimento recai especialmente sobre uma área profissional: a tecnológica, envolvendo a participação de engenheiros, agrônomos, geocientistas e tecnólogos no chamado desenvolvimento sustentável. Isso porque, de acordo com a Eng. Agr. Waleska Del Pietro, coordenadora da Comissão de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), não existe cidade inteligente que não seja sustentável. Para isso, ela defende que o desenvolvimento sustentável deve ser baseado em três aspectos principais: econômico, social e ambiental.
A especialista afirma: “Quando se fala em cidades inteligentes, as pessoas ainda têm a percepção de que se trata de cidades do futuro, onde tudo é digitalizado. Mas, no Brasil, antes de ter a conectividade como ponto de partida, é preciso olhar para os muitos problemas que existem, como as questões de infraestrutura, habitação e transportes, por exemplo, que só as cidades inteligentes e planejadas a partir da visão técnica dos profissionais da área tecnológica podem resolver. Isso tanto nos órgãos públicos quanto no setor privado, passando também pelo campo, que é o complemento da cidade”.
O desafio de tornar os espaços urbanos e rurais eficientes nessas frentes requer planejamento, políticas públicas e a troca das práticas convencionais por alternativas verdes capazes de atender à sociedade como um todo. Matrizes de energia renovável, melhoria no transporte público, veículos elétricos, implantação de sistemas de saneamento 100% para as 35 milhões de pessoas que ainda vivem sem água tratada no País e às 100 milhões que não têm acesso à coleta de esgoto, segundo dados da 14ª edição do Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, são algumas das práticas positivas.
Se tratando de São Paulo, uma iniciativa que auxilia a implementação de tais ações de desenvolvimento sustentável é o Programa Município Verde Azul (PMVA), lançado em 2007 pelo governo estadual com o objetivo de apoiar as cidades paulistas, que descentralizou a gestão ambiental e criou um ranking que pontua os melhores desempenhos.
O município tem 10 diretivas envolvendo todas as questões de sustentabilidade para estar no programa. São elas: município sustentável, estrutura e educação ambiental, conselho ambiental, biodiversidade, gestão das águas, qualidade do ar, uso do solo, arborização urbana, esgoto tratado e resíduos sólidos. “O estado capacita os líderes das cidades para que eles consigam auxiliar no desenvolvimento. Eu fui interlocutora do Programa no meu município, em São Pedro, e conseguimos elevar a nota da cidade de 5 para 65 em dois anos”, conta a engenheira. “E é fundamental ter, cada vez mais, profissionais técnicos das Engenharias, Agronomia e Geociências participando para tornar o planejamento efetivo. Isso faz parte da transformação das cidades para versões mais inteligentes e sustentáveis. Sem isso não é possível metrificar as ações para que se tornem realidade”, complementa.
O Crea-SP e as entidades de classe atuam com o mesmo propósito, buscando oferecer as ferramentas para que esses profissionais sigam se aprimorando. As plataformas do Conselho do Crea-SP Capacita (www.creasp.org.br/capacita) e do CreaLab (www.creasp.org.br/crealab) são duas frentes de constante produção de conhecimento da área tecnológica. Nas associações, cursos, palestras e workshops são opções para quem procura uma qualificação específica em outros formatos.
Sobre o Instituto de Engenharia
Entidade com mais de 100 anos de tradição, contribuimos para o aprimoramento profissional visando a qualidade de vida da sociedade. A entidade ministra gratuitamente diversas palestras técnicas, coordenadas por suas Divisões Técnicas, além de cursos e projetos, esse último encaminhado aos governos federal, estadual ou municipal.
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